5. Despedida

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O culto de domingo terminou, e enquanto eu conversava com Benjamim do lado de fora da igreja, os outros jovens armavam a festinha surpresa de despedida, nós tínhamos feito uma vaquinha pra comprar bolo, salgadinhos e refrigerantes, e outros estavam fazendo uma decoração rápida com a bandeira do Brasil e da África.

- Eu queria ter passado mais tempo com você nessa última semana. - ele disse, triste.

- Eu também queria, nem acredito que você já vai viajar amanhã! Eu vou sentir muita falta de você.

- Tenho certeza que vou sentir muito mais. - falou, me abraçando.

Na semana que se passou eu tinha decidido não chorar pela partida dele, porque Ben estava indo por um motivo muito nobre, mas ali, enquanto mergulhávamos no abraço mais sincero eu deixei que minhas lágrimas rolassem e lhe mostrassem o quanto ele era especial pra mim, e o quanto ele estava se mostrando cada vez mais necessário, mais do que como um amigo. Eu não queria me separar dele, não queria...

- Mas nós ainda precisamos conversar sobre nós dois, e essa conversa tem que ser antes da viagem. Vamos lá no Aldo? - convidou.

Um sorvete cairia muito bem, mas não podíamos sair dali agora justo na hora da festa, eu teria que segurar ele lá até que a comemoração estivesse pronta, por mais que eu quisesse conversar com Benjamim sobre tudo isso que estava mudando dentro de mim em relação a ele. Eu guardaria minhas palavras pra mim.

- Podemos deixar pra mais tarde? Eu tô esperando o pastor pra falar sobre o grupo de apoio, resolvi que vou participar das reuniões.

- Julie, que ótimo! Fico feliz que você tenha decidido vir, com certeza vai te ajudar muito.

- Com certeza... Mas, nós podemos conversar amanhã antes da sua viagem? Já que você só vai ao meio-dia. Eu posso passar na sua casa.

- Amanhã vai ser muito corrido, eu tenho que passar no centro missionário pra resolver mais alguns detalhes...

- Julie, o pastor tá chamando vocês dois. - Lorena veio chamar.

Era a hora da surpresa.

- Vamos. - chamei, tentando não dar bandeira de nada.

Quando entramos na igreja algumas cortinas cobriam a visão do altar, não sei como eles fizeram tudo aquilo sem chamar atenção.

- Mas o que é isso? - Ben desconfiou, já que a meia hora atrás o pano não estava lá.

- Eu não sei, deve ser alguma coisa do teatro. - menti.

Eu fui na frente, passando pela cortina me juntando aos outros, e quando Benjamim passou nós gritamos em côro: Surpresaaaa!

Ben abriu o sorriso que eu tanto amava e foi levado pro meio da nossa rodinha, o pastor iria orar por ele, antes de fazermos toda a bagunça que tínhamos planejado. Ele se ajoelhou e o pastor Aurélio pôs a mão na sua cabeça.

- Senhor eu te apresento mais uma vez o teu servo Benjamim, que tu amas e conheces tão bem. Deus amanhã ele iniciará uma jornada linda, porém, muito difícil, as condições daquele lugar são precárias, a vida lá é bem diferente, mas mesmo assim ele escolheu ouvir e cumprir o teu ide, e só o que eu te peço Pai, é que cuides dele e o ajude a cumprir a missão que o Senhor entregou em suas mãos. Reacenda sempre a coragem para viver tão longe de casa e das pessoas que ele ama, Deus, que o Benjamim ame mais a Ti do que aos que ficarem aqui. E é isso que te peço e já te agradeço, amém.

Eu estava em lágrimas, as palavras do pastor mexeram comigo também, eu tinha que amar mais a Deus a ponto de escolher Ele ao invés de amores terrenos, o meu primeiro passo era abrir mão em meu coração de Benjamim, eu não sabia exatamente o que eu estava sentindo, mas fosse o que fosse teria que esperar que ele voltasse. Por mais que fosse difícil eu daria ao meu ruivinho todo o apoio que ele precisasse para ir de coração leve, sem nada que o preocupasse aqui. Se fosse preciso eu me ofereceria pra cuidar de Monique, que estava a cada dia mais afastada de nós.

Entrega (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora