23. Explosão

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Alfredo caminhou em nossa direção seguido de Nicholas, que parecia tentar fazê-lo desistir de algo.

- Não quero nem ver! Eu vou no banheiro! - Rute anunciou.

- Ele não vai fazer nada contra você... Vai? - Bianca perguntou.

- Não! - eu disse. - Nós não somos inimigos.

Eu não consegui pensar rápido o suficiente para definir se havia ou não com o que se preocupar, Alfredo chegou à nossa mesa e me encarou por alguns segundos, olhei para Nicholas procurando alguma explicação para o que quer que seu irmão estivesse querendo fazer, mas sua expressão estava tão confusa quanto a minha.

- Oi. - eu falei.

- É Julieta, né? - ele perguntou, sem simpatia alguma.

Eu assenti, pedindo a Deus paciência para respondê-lo com educação.

- Bom, eu não vou enrolar. - ele disse e fez uma pausa dramática, e eu fiz sinal para que continuasse a falar. - Só vou falar uma vez e espero muito que eu não precise repetir...

- Alfredo...

Nicholas tentou interromper.

- Não me interrompa, Nicholas. O meu assunto é com essa... Essa garota. Não quero mais que você cruze o caminho da minha família, parece que não bastou ter estragado a vida do meu pai, você tem que estragar meu irmão e a Emily também não é?

Senti uma fagulha de raiva crescer dentro de mim, respirei fundo, as palavras pareciam estar criando vida própria na minha boca, eu estava me esforçando para escutar as acusações dele calada, mas tudo aquilo estava me cansando, haviam provas mais do que suficientes de que Alex realmente era um criminoso, e mesmo assim Alfredo ainda me culpava...

- Você destruiu a minha família! Mas eu vou fazer o que for preciso pra que você não destrua o que sobrou dela... Você não passa de uma va...

- Já chega! - eu falei, mais alto do que pretendia. - Quem você pensa que é pra me acusar dessa forma? Eu não tive culpa e não vou admitir que você me trate como se eu tivesse! Só vou falar uma vez e espero que eu não preciso repetir: Não sou culpada! Minha paciência com essa situacão esgotou! Eu tô cansada disso, vê se me deixa em paz!

Terminei de falar e o encarei com firmeza, as meninas olhavam pra mim de um jeito diferente, e eu não me orgulhava de ter explodido dessa forma. Nicholas segurava o braço do irmão tentando tirá-lo dali.

- Não importa o que você diga, ou o que o juíz diga, eu nunca vou esquecer o que você fez.

Eu bufei quase entediada diante de sua afirmação absurda, mas, para o bem ou para o mal não tive tempo de lhe responder, Alfredo saiu da lanchonete pisando duro, e eu respirei aliviada levando as mãos à cabeça.

- Me desculpem por isso. - falei.

- Tudo bem, Julie. - Nadine disse.

Nós tentamos o máximo possível agir com normalidade, mas o clima ficou estranho até o final da noite, quando cada uma foi para suas próprias casas.

~~*~~

Quando finalmente entrei no quarto deixei que meu corpo escorregasse até o chão e apoiei meu rosto entre os joelhos. A sensação era de que aquilo nunca iria acabar. Eu até poderia tentar seguir em frente, mas sempre haveria um Alfredo para me lembrar do meu passado...

~~*~~

A sexta passou se arrastando, sem graça, eu estava me sentindo estranha desde quando respondi Alfredo daquela forma, eu sei que deveria ter ficado calada. Não sou nada daquilo que ele falou... Então por que me importei? Por que não consegui dar a outra face como a Bíblia me diz pra fazer? Estou  decepcionada comigo mesma, e tenho certeza que as meninas também ficaram assim, elas não esperavam a reação que eu tive.

Entrega (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora