27. Apenas um milagre

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Três meses depois

Ben não ligou na semana seguinte, nem na outra, nem no mês seguinte, nem na semana passada. Nem mesmo no dia do meu aniversário ele ligou. Acho que não sou tão importante assim pra ele. Durante esses meses ele ligou pros seus pais regularmente, mas não fez contato comigo uma única vez que fosse. E quando perguntei pra eles como Ben estava eles responderam um "Está bem" muito sem graça que me fez ficar ainda mais preocupada.

Eu precisava tanto conversar com ele sobre o que estava acontecendo, os preparativos do casamento que seria no próximo mês, o início da célula em que eu era líder, a palestra para os pais que aconteceria na escola amanhã, e a pregação no fim de semana. Eu tinha sido convidada pelo pastor para pregar no culto de jovens do mês de setembro e mesmo com medo aceitei, mas eu precisava falar com Ben, trocar ideias sobre como falar, como terminar... Argh! São tantas dúvidas...

E tudo estava acontecendo tão rápido na minha vida que às vezes eu achava que não iria dar conta. Eu precisava conversar com alguém... Queria tanto que fosse o Ben!

- Julie, eu já tô pronta, e você? - mamãe perguntou, da porta do quarto.

- Só vou pegar minha mochila, mãe.

- Vou te esperar no carro.

- Tá bom.

Peguei minha mochila e meu celular e desci as escadas enquanto checava as mensagens.

Nick: Boa palestra! ;)

Julieta: Valeu, Nick!

Nick: Queria poder estar aí, mas diferente de você não fui liberado da aula!

Julieta: Haha, morra de inveja! :p
Mas quem vem da sua casa representar a Emy?

Nick: O meu irmão. Acho que vou pra aí quando terminar a aula pra aproveitar a carona dele.

Julieta: Tá bom, então até mais.

Nick: Até, beijo!

Nick e eu estávamos mais próximos, principalmente porque temos nos empenhado na tarefa de alegrar Emily, e temos conseguido, pelo menos um pouco, ela já voltou a se alimentar normalmente, e até foi a um encontro do grupo, apesar de não ser assídua como nós.

- Eu estou tão nervosa! - minha mãe disse, à caminho do colégio.

- Não precisa ficar nervosa, mãe. Você só vai contar como foi sua experiência, ou melhor, nossa experiência.

- Eu sei, mas tenho medo de acabar desabando na frente de todos...

- Não, mãe. A senhora é uma mulher forte, e esse pesadelo todo já passou.

- É mesmo, hoje nossa vida é outra, graças a Deus! Quem diria que iríamos mudar tanto e que eu ainda iria casar de novo, hein?

Eu sorri, Deus fazia coisas que a gente nem podia imaginar, e apesar de tudo eu acreditava que um dia poderia ser feliz com Benjamim, eu não tinha dúvida que ele era ideal para mim, assim como Aldo era pra mamãe.

- É, Deus é maravilhoso.

~~*~~

Assim que cheguei na escola Emily veio ao meu encontro e me abraçou.

- Oi, Julie!

- Oi Emy! Olha, essa aqui é minha mãe, Clarisse.

- Oi dona Clarisse, eu sou a Emily.

Entrega (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora