7. A mensagem

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Na quinta-feira eu cheguei na escola mais cedo, minha casa nova era mais perto. As portas que davam acesso ao prédio das salas e da administração não estavam abertas ainda, então eu procurei algum lugar para ir, vi Sam encostado em uma árvore com seus inseparáveis fones, então segui até lá.

- Oi. - falei, dando uma batidinha no seu ombro.

- Oi, Julie. - ele falou, oferecendo os fones pra mim.

Eu aceitei, mesmo estando ciente de que nossos gostos eram bem diferentes. Só quando coloquei o fone percebi que o som era diferente do que eu pensei, quem diria que com toda aquela cara de mal Sam escutava uma música... De igreja?!

- Quem te passou essa música? - perguntei incrédula.

- Foi o Benjamim. No tempo que você estava no hospital. - ele falou, e fez uma pausa, depois continuou. - Eu gostei da letra, me faz lembrar de mim... É besteira, eu sei.

Nem entendi o que ele queria dizer, a música falava de Moisés, sobre o sofrimento de sua mãe quando teve que abandoná-lo no rio.

- Mas o que essa música tem a ver com você? - não me contive em perguntar.

- Ah é, eu nunca falei sobre isso com você... Eu sou adotado, meu pai e minha mãe não podem ter filhos, e um dia meu pai fez um resgate de um bebê que foi jogado no lixo... O bebê era eu.

- Que sorte você teve... De ter sido resgatado e amado por seus pais... - eu disse - Você pensa na sua mãe biológica?

- Todos os dias. Eles nunca esconderam de mim, isso eu agradeço, mas eu gostaria de saber porque ela não me quis, porque ela me odiava tanto a ponto de me colocar no lixo? Não sou cristão como vocês, mas eu gostaria de saber se ela tinha um bom motivo, assim como a mãe de Moisés...

- Por que a gente não procura ela? - perguntei.

Ele deu um suspiro profundo e falou:

- Eu já sei quem ela é, e sei seu endereço, só não tenho mesmo é coragem para ir até lá.

- Então nós vamos resolver isso até o final da semana. Tá? - falei, decidida.

Ele me olhou e não me disse nada, fixou seu olhar em outro ponto do gramado, onde três garotos brincavam com a mochila de uma garota, que estava no meio da rodinha tentando tomá-la deles.

- Bando de idiotas. - Sam cuspiu as palavras.

- Vamos ajudar? - chamei.

- Você tá maluca? Eu já sei o quanto você é "boa" de briga. Eu vou enfrentar sozinho três caras?

- Fala sério, Sam. Eu tô indo lá.

Sai andando rapidamente em direção aos garotos, eu não sei com que coragem, mas eu sentia algo dentro de mim que me impelia a ajudar aquela garota.

~~*~~

À medida que eu chegava mais perto pude ver que a garota era Nadine, e um dos meninos era o novato da minha sala.

Ela corria de um lado para o outro, tentando pegar a mochila, se dividindo em segurar o óculos no rosto e acompanhar os movimentos maldosos feito pelos garotos.

- Ei! Parem já com isso! - eu gritei.

Fui pra cima de um dos garotos, mais para distraí-lo e quebrar o círculo que eles estavam fazendo em volta dela.

- O que você tá fazendo garota?! - o menino perguntou, me empurrando.

- Ah, Julieta! - Sam gritou.

Entrega (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora