Capítulo 6

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Algumas semanas depois do episódio do corvo, Manu ficou com aquela cena na sua memória. A imagem do corvo se repetia, como se estivesse bicando e bicando sua cabeça. Ele estava no pátio do colégio, esperando os amigos chegarem e aproveitou para meditar. Precisava desacelerar a mente ou jurava que ia enlouquecer.

Manu segurou a moeda que Jess lhe dera e tentou limpar a mente, se concentrando no objeto. Foi como se ele visse a si mesmo sentado no banco e uma luz esverdeada crescendo ao seu redor. Ele manteve os olhos fechados durante cinco minutos e quando abriu, estava se sentindo mais calmo.

– Minha moeda da sorte... – suspirou Manu, quando ele percebeu que a moeda havia se partido em dois pedaços. Ele sentiu um apertão na garganta e tentou se apegar à sensação de paz que o atingira há alguns instantes.

De repente, dois alunos do colégio começaram a brigar. Luzes vermelhas circundavam seus corpos e ficavam mais intensas quanto mais eles se agrediam. Manu tentou se levantar, mas foi como se lhe faltasse energia. Ele olhou para a própria mão e viu sua aura ficando cada vez mais escura.

– O que está acontecendo comigo... – murmurou.

Léo correu até os dois garotos e tentou separá-los. Quanto mais ele tentava mantê-los longe, mais raivosos eles ficavam. Manu andou até lá para tentar ajudar o amigo, sabia que Léo não podia levar uma advertência. Os jovens que estavam raivosos, viraram para Babi e correram e saíram tropeçando pelo corredor.

– Okay, podemos concordar que o dia já começou estranho? – perguntou Babi, levantando as sobrancelhas. Seu rosto estava um pouco mais pálido que o normal, que ficava mais evidente em contraste com seus cabelos vermelhos.

Manu olhou para a amiga e tentou notar algo diferente, mas não percebeu nada. Babi parecia não se importar com a cicatriz no braço.

Jess chegou distraída, olhando para o chão e quase passou reto pelos amigos. Manu assobiou e ela se virou para ele. Os olhos dela se encheram de luz e ela abriu um sorriso doce. Não sabia o que tinha mudado naqueles últimos dias, mas era como se Manu tivesse removido um véu que cobria os seus olhos. Ele olhou para a namorada e notou uma aura violeta, já quando olhou para Babi, uma aura rosa, e para Léo, uma aura azul.

– Manu, vamos? – Jess puxou o braço do namorado.

– Jess, você perdeu a briga que estava rolando aqui no colégio. Os dois moleques estavam quase se matando... – disse Léo.

– E você conseguiu impedi-los com seus músculos... – brincou Jess.

– Para falar a verdade, eles só pararam mesmo quando Babi se aproximou.

– Fazer o quê? Eu tenho esse efeito sobre os garotos – Babi começou a rir, mas todos perceberam que Manu estava sério.

– Se aconteceu alguma coisa, você precisa nos contar, Manu. Não quero parecer nenhum babaca, mas você se lembra bem o que aconteceu da última vez quando... – Léo se controlou.

– Eu estou bem. Vocês conseguem ver isso? – Manu estendeu a mão e se concentrou na energia, formando uma bola. Os três amigos assentiram. – E agora?

Quando eles olharam para Manu, não enxergavam mais nada.

– Posso parecer um pouco louco, mas eu consigo ver uma aura de energia cobrindo o corpo de vocês...

Antes que desse tempo de conversar mais sobre o assunto, o sino do colégio tocou bem e eles tiveram que ir para a quadra. Observar a aura dos seus colegas, para Manu, era como no dia em que ele usou os óculos pela primeira vez – tudo parecia tão brilhante e cheio de vida.

O Livro - Os Bruxos de São Cipriano Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora