O Livro - Os Bruxos de São Cipriano Livro 2

Capítulo 21

A fumaça do incenso de sândalo dançava pelo quarto, espalhando o cheiro doce e amadeirado pelo ambiente. Uma chama cintilava na vela roxa. No centro do quarto, uma sombra em pé permanecia parada.

Babi continuou com as mãos sobre a cabeça de Jess, tentando ajudá-la a sintonizar a imagem de Amanda.

– Conseguiu?

– Xi... – fez Jess. – Eu preciso me concentrar.

Não foi preciso responder, Babi se deu conta de Jess em um estado de relaxamento profundo.

As últimas palavras de Jess foram:

– Eu estou vendo... Me dê suas mãos. – Babi assentiu e segurou as mãos de Jess.

Embora elas tivessem consciência de que seus corpos continuavam no quarto, foi como se uma parte delas estivesse livre. Aquilo ainda impressionava Babi, mas já estava se tornando comum para Jess.

– Vamos... – Jess fez um sinal para que Babi seguisse ela.

Elas foram transportadas para uma floresta. Não era nada do que Babi e Jess haviam visto em São Cipriano. Só poderia ser uma propriedade privada afastada dos bairros principais.

Jess tomou cuidado. Por onde ela pisava, os galhos estalavam.

– Eu tenho uma ideia... – sussurrou Babi.

– Você não está pensando a mesma coisa do que eu, né?

Eram como se naquele plano, os pensamentos das duas estivessem mais conectados ainda.

– Vou precisar da sua ajuda. Confesso que só testei uma vez sozinha e não foi nada fácil. – Jess assentiu e abriu um sorriso.

Como as folhas que levitam

E os silfos que respiram,

As fadas que nos guiam

Agora, nos reflitam

Bolas de luzes de diferentes formatos subiram pela floresta, dançando entre as árvores. Jess sentiu o coração acelerando, como se o ar estivesse subindo dentro dela. Babi estendeu as mãos e Jess repetiu o gesto. As formas brilhosas começaram a se tornar mais visíveis quanto mais elas se aproximavam das garotas. Voando de um lado para o outro como vaga-lumes, as criaturas elementais brincavam com os cabelos de Jess e Babi, puxando os fios, como crianças travessas.

– Nós não vamos machucar vocês... – as vozes se misturaram em coro, enquanto piscavam e giravam. A visão quase deixara Babi e Jess tontas. – Aqueles que desejam ser levados pelo vento precisam ser leves e cheios de energia, como as sementes. Vocês duas precisam limpar suas auras. Podemos sentir os estragos que seus inimigos estão tentando provocar dentro de vocês. Não deixe o mal florescer. Lute sempre pela luz e tudo vai ficar bem. Não há magia negra no mundo que possa vencer aqueles que servem à Mãe Natureza. Aprendam com as árvores que mesmo ao soltarem suas folhas e perderem seus galhos, permanecem firmes em sua essência. Nada pode destruir o seu espírito, quando você cativa o amor diariamente. Toda transformação precisa começar de dentro para fora.

Assim que os elementais do ar pararam de falar, uma leve chuva caiu sobre as meninas. Foi como tomar um banho regenerador após um dia longo e cansativo. Suas auras brilharam como prata e quando elas se deram conta, seus pés estavam fora do chão.

– Precisamos ser rápidas. Não sei quanto tempo vamos aguentar ficar neste plano ou levitando. – Babi parecia toda animada, como se aquele fosse um daqueles jogos que ela e Jess costumavam brincar na infância.