Capítulo 17

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 – Onde você está? – A voz de Amanda soou cheia de preocupação pelo celular.

– Calma, mãe. Aconteceu alguma coisa?

Manu observou Jess se afastar com o aparelho em mãos e seu rosto em estado de alerta.

– Isso não é possível... – A água pingava dos cabelos de Jess, molhando o quarto de Babi. – Precisamos ir até lá em casa! – As palavras de Jess se atropelaram. Não foi preciso muito para que os jovens entendessem que alguma coisa estava errada com Amanda.

Babi ignorou o piso molhado e colocou sua jaqueta de couro. O vento uivara tão forte, que era como se o telhado da casa fosse ser arrancado.

– Aquelas coisas estão lá em casa. Temos que nos apressar... – Jess apertava a mão, desejando ter poderes suficiente para se teletransportar para sua casa e destruir qualquer criatura que estivesse colocando a vida de sua mãe em perigo.

***

O carro do motorista de Leo avançava pelas ruas de São Cipriano. O rapaz explicou que havia um princípio de incêndio na casa de Jess e que eles estavam preocupados com Amanda. Naqueles minutos dentro do automóvel, Jess sentia que sua mente ia explodir, levando o seu coração pelo ar e provocando um estrondo em sua alma. Ela queria gritar. Odiava a sensação de impotência, uma dormência tomasse conta de cada parte do seu corpo, enquanto as energias destrutivas vibravam pelos seus centros de energia, como se ela entrasse em curto-circuito.

Amanda estava do lado de fora com os cabelos bagunçados, fumando um cigarro. Fazia anos que Jess não via a mãe daquele jeito. Era como se o episódio tivesse despertado velhos demônios. Depois de Anna enfeitiçar a mãe para que ela apagasse, Jess jurara fazer o possível para protegê-la. Sabia que era impossível ficar o tempo inteiro ao lado da mãe com as aulas e o trabalho dela, mas sentia a culpa subindo pela garganta, socando a boca do estômago.

– Por que você demorou? Eu pensei que você tivesse esquecido sua velha mãe – A voz de Amanda estava trêmula, como se a qualquer ponto as palavras fossem quebrar e se perder dentro dela.

– Nós viemos o mais rápido que podíamos... – Jess engolira a decepção que vira nos olhos da mãe.

Amanda olhava de um lado para o outro, como se a qualquer momento a casa fosse ser invadida – como se as lembranças queimassem em sua mente. O medo era palpável.

– Eu... Havia uma coisa que eu precisava dizer para você... – Jess encarou a mãe, era como estar diante de um boneco. Ela sentiu vontade de abraçá-la e dizer que tudo ficaria bem. Não importava se era uma mentira. Sabia que, às vezes, era preciso dizer o que as pessoas precisavam ouvir.

O momento foi interrompido por um estrondo. Jess correu para dentro de casa e mal podia acreditar no que os olhos viam; os móveis estavam revirados e pedaços de vidro estavam espalhados pelo chão. Alguém tentara assustar minha mãe, pensou Jess, sabendo que no fundo havia algo a mais.

– O meu quarto... – disse Jess e os amigos a seguiram até lá, enquanto Amanda permanecia perdida em algum lugar escuro dentro de sua mente.

Assim que pisaram no quarto, a porta se fechou.

– Eu sei que vocês estão aqui. Posso sentir essas vibrações pesadas.

– Manu, ative o escudo – sussurrou Babi.

Leo abriu as mãos e iluminou o quarto. As criaturas dançavam de um lado para o outro com tanta velocidade, que não dava para distinguir suas formas. Eram como sombras.

O Livro - Os Bruxos de São Cipriano Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora