Capítulo 33

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Aquela era uma das noites em que Manu gostaria de estar em qualquer lugar menos ali. Era difícil ter que lidar com tantas emoções em um espaço limitado. Foi como se Manu tivesse se transformado em um ímã e todas aquelas energias atravessassem o seu corpo. Ele tentou ativar o seu escudo de energia, mas tudo estava intenso demais – era inútil como colocar os pés na água e esperar que não fosse se molhar. Até respirar se tornara uma tarefa difícil quando parecia que alguém estava em pé sobre o seu peito.

Uma noite de jantar na casa de Jess. O clima estava bem diferente da última vez que ele foi convidado por Amanda. Não havia uma pessoa ali dentro que estava confortável e não era somente por causa da notícia. De certa forma, saber da situação ruim naquela noite aliviava um pouco da responsabilidade pela estranheza. 

Ele olhou para os pais que pareciam dois peixes fora d'água ali. Não era preciso captar as energias deles para Manu saber que eles mal viam a hora de "colocar os pés para cima e descansar", como dizia Jasmine após um longo dia de trabalho.

– O que você acha que Amanda está preparando? – perguntou Léo.

– Poderia ser qualquer coisa. Não sabemos até que ponto Lónan ainda tem qualquer controle sobre ela – Manu levantou os ombros e tentou disfarçar a agonia. Ter a sensitividade desenvolvida era uma tarefa ingrata. Havia dias em que ele preferia se trancar em casa a ter que sentir como se estivesse sendo puxado para diferentes direções. Conforme os dias passavam, por mais que ele se esforçasse para se controlar, havia ocasiões como aquela em que as emoções gritavam.

Jess passou por Manu e deu um beijo nele. Amanda levantou a taça e disse que gostaria de fazer um brinde. Todos os olhares se voltaram para ela.

– Eu prometo ser rápida. Imagino que vocês já estão morrendo de fome. Hoje é uma noite especial.

Belinda levantou as sobrancelhas e abriu um sorrisinho sacana, percebendo que Amanda parecia fora de si.

– Qual é o problema dela hoje? – o pai de Babi perguntou para a psicóloga.

– Loucura é ser sensato em um mundo de insensatez – soltou a mãe de Léo.

– Só por Deus – respondeu o pai de Léo, que não desgrudava do celular e sabia que e-mails importantes poderiam chegar a qualquer momento.

Manu observava a cena. Era inegável que eles eram filhos de seus pais. Era como se cada um deles carregasse um traço da família.

– Há algo que eu preciso contar para vocês sobre nossos filhos...

– Lá vem. Talvez alguém devesse suspender a bebida de Amanda antes que seja tarde demais! – disse Babi, cutucando Jess.

Jess afastou a mão da amiga, fazendo um sinal de que gostaria de escutar.

– Jess? Você não vai fazer nada mesmo? – perguntou Léo, sentindo que de uma hora para outra, todo mundo estava curioso.

– Vocês não precisam falar como se eu não estivesse aqui – respondeu Amanda. – Como eu estava falando, nossos filhos estão escondendo um segredo de nós.

Os pais de Manu levantaram as sobrancelhas para ele e deram aquele olhar de que quando chegassem em casa teriam uma conversa séria.

– Vocês vão achar que eu estou louca e talvez eu esteja realmente parecendo totalmente fora de mim – Amanda começou a rir de si mesma. – Mas vocês precisam saber a verdade. Seus filhos são bruxos e estão praticando magia.

O Livro - Os Bruxos de São Cipriano Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora