Natasha estava prestes a sair quando ela deu um último olhar para Lónan e se voltou para Jess.
– Jess, não era somente o livro que eles queriam, era a sua magia – anunciou Natasha, colocando um ponto final em um dos mistérios. – Me promete que não vai machucá-lo. Lónan pode ser cabeça dura, mas é meu irmão.
– Não tenho interesse em fazer mal algum a seu irmão. Tudo o que desejamos é que vocês dois desapareçam daqui... – resmungou Jess. – Vocês já causaram problemas demais.
– Por que você interrompeu? E se tiver algo a mais que eles estão escondendo? – perguntou Léo, inquieto.
– Jess está com medo. Eu também estaria... Saber demais, às vezes, pode ser um problema – respondeu Babi.
Manu foi até Lónan e o encarou. Mesmo sem energias, Lónan fez uma expressão de deboche. O garoto fechou a mão e deu um soco na cara do vampiro. Tudo foi tão rápido, que a cena arrancou um sorriso de Léo.
– Isto é por você tentar ferrar com a vida da minha namorada – Manu sentiu um tremor subir pelo braço ao se lembrar de que há pouco tempo ele estava em uma cama de hospital, sem qualquer previsão de melhora, por causa da perseguição ao carro em que Lónan dirigia. – Isto é por você ser um babaca e ter quase me matado.
Manu apertou o pescoço de Lónan com as duas mãos. Diferente do que os vampiros faziam, ele não estava interessado naquela energia suja. Manu visualizou as raízes das árvores sugando e neutralizando a carga de Lónan.
Mesmo sabendo o jeito que o irmão era e que ele merecia tudo aquilo, Natasha voltou. Ela nunca se perdoaria pela culpa e Lónan não a pouparia se ele sobrevivesse.
– Chega! – gritou Natasha.
Jess foi até Manu e apertou a mão dele. Seus dedos se prenderam e ela tentou tranquilizá-lo.
– Deixe Natasha levá-lo. Lónan é uma pobre alma – retrucou Jess.
– Algumas pessoas não valem o nosso tempo nem a nossa energia – disse Babi se aproximando dele e dando um chute no saco dele.
Lónan deu um grito de dor e em seguida desmaiou.
– Se o seu irmão voltar a aprontar, não teremos outra escolha, Natasha. Eu sei que você não é como ele, mas também sei que você é leal – Manu tentava se controlar para não descontar toda a raiva que sentia.
Uma aura azul brilhou ao redor da Jess, cobrindo os amigos. Estavam conectados e se quisessem, poderiam destruir facilmente Lónan.
– Por que não me deixa por um fim nisso logo? No fundo, vocês sabem que quem está destinado a ser uma semente do mal sempre vai trilhar o caminho da escuridão, não importa quantas oportunidades tenha para mudar – Léo cruzou os braços.
Natasha abriu a mão e encobriu Lónan com um escudo.
– Acho que isso é um adeus, então – sussurrou Natasha. Seu rosto estava abatido. Aquela situação havia lhe cobrado mais do que estava disposta a pagar.
Ela olhou Lónan todo encolhido. Não queria doar energia para ele, temendo que ele pudesse fazer mais besteira. Precisava levá-lo dali.
– Você precisa de ajuda? – perguntou Babi, percebendo o desconforto de Natasha.
– Não preciso da sua pena... – Natasha respondeu com rispidez. – Nós estamos quites e eu não quero dever nada a nenhum de vocês.
Cansada daquele constrangimento, Natasha fez algo que Lónan odiaria se soubesse. Ela passou a mão na cabeça dele e fez ele ficar em sua forma de pássaro. A ave visivelmente enfraquecida grasnou quando Natasha a segurou e saiu dali. Não olhe para trás, ela repetiu para si mesma.
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O Livro - Os Bruxos de São Cipriano Livro 2
FantasíaLivro 2 da série Os Bruxos de São Cipriano. Uma vez iniciados no caminho da magia, a amizade fortalecida dentro do círculo se vê mais uma vez ameaçada diante dos segredos e do desconhecido. Assim como os laços de energia se transformaram e poderes...