Capítulo 8

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Um dia após os misteriosos desmaios no Colégio São Cipriano, Babi se perguntou se alguém diria alguma coisa. Mas o silêncio pairou pelos corredores. Foi como se nada tivesse acontecido; como se os colegas e os funcionários tivessem sido hipnotizados para não se lembrarem do incidente.

Babi foi até o banheiro e uma das meninas que estava se maquiando, começou a gritar quando a viu. Ela se olhou no espelho, para ver se havia algo errado com seu rosto, mas estava tudo normal. Quando ela olhou para o braço, entendeu. Era como se uma luz vermelha estivesse saindo pela marca, como sangue. No mesmo instante ela se concentrou em seu escudo de energia e tentou evitar que fosse drenada. A força invisível era mais forte do que ela, como quando ela tentava parar uma ventania se concentrando no ar e o máximo que conseguia era reduzir um pouco da intensidade.

Precisava sair dali. Precisava buscar ajuda dos amigos. Babi tentou puxar a porta, mas estava trancada. Não entre em pânico, repetiu para si mesma várias vezes, e se lembrou do celular. Tudo o que ela precisava fazer era ligar para os amigos e eles a tirariam dali.

Um corvo pousou na janela. Babi concentrou suas energias para afastar o bicho dali. Estava cansada daquelas aves a perseguindo. Um vento empurrou a ave e fechou a janela. Ótimo. Tudo o que eu precisava. Ela tirou o celular do bolso e tentou discar para Léo. O visor da tela estava todo preto.

– Maldito aparelho. Paguei uma fortuna nessa merda e quando mais preciso, essa porcaria não funciona... – resmungou Babi, se controlando para não jogar o celular contra a parede. – Vamos lá... Funcione! – Babi apertou os botões que forçavam a reinicialização do celular e ficou esperando a imagem surgir na tela e desaparecer.

Ela pensou em Jess. Preciso de ajuda. Banheiro. Sinalizou as mensagens para a amiga. Babi olhou para as próprias mãos e viu que elas estavam tremendo. Uma fumaça escura cobriu o banheiro. Ela sentiu o coração acelerar e um aperto no peito. Estava sufocando. Babi se concentrou no vento e tentou abrir caminho pela fumaça, mas quanto mais tentava usar sua magia, mais sentia sua energia sendo drenada.

– Apareça, seu maldito. Eu sei que você está aqui! – gritou Babi. – Eu posso senti-lo.

– Babi? Nós vamos te tirar daí... – gritou Léo, enquanto chutava a porta.

Ela tentou localizar a origem da energia e um arrepio percorreu o seu corpo quando ela escutou o som de respiração.

– Vamos, apareça.

Dentro da fumaça, ela viu uma aura vermelha ficar cada vez mais evidente. Babi esticou a mão e puxou. Ela sentiu um choque, mas não queria soltar a coisa.

– Revele-se!

Ela escutou uma risada de um rapaz. Então, a imagem se revelou. Seus olhos eram como duas pedras ametistas de um tom violeta. Depois, ela notou seus cabelos escuros como a noite, o sorriso torto, o rosto angular e o corpo magro, como uma ave, pensou.

– Você acha mesmo que pode nos deter?

– Quem é você? O que vocês querem?

– Você sabe o que nós queremos. Queremos o que é nosso. Entregue o livro de São Cipriano ou logo vai se arrepender de ter cruzado o nosso caminho.

A porta do banheiro bateu com força e Léo entrou correndo. Babi viu o rapaz ficar invisível em sua frente e o braço começou a queimar.

– Ele estava aqui... – Babi abraçou Léo e sentiu as emoções explodirem dentro dela. – Onde está Jess?

– Ela mandou mensagem avisando que faltaria aula hoje para pedir orientação para o Sylvanus – respondeu Léo, tentando acalmá-la.

– O que está acontecendo? – Manu foi até eles, quando percebeu que vários alunos estavam olhando em direção ao banheiro e comentando sobre os gritos de Babi.

O Livro - Os Bruxos de São Cipriano Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora