Capítulo 35

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Os jovens aproveitaram que Amanda estava dormindo e foram até o quarto dela. Petrus estava encostado na parede, abraçando Sylvanus. Parte dele temia que a qualquer momento o namorado pudesse perder o controle e atacar alguém. Ele não sabia quanto tempo conseguiria esconder aquilo dos jovens sem revelar que Anna estava de volta.

Jess sabia que havia um limite de até que ponto ela deveria interferir na vida da própria mãe. Alguns pensamentos poderiam deixar feridas que nunca fechariam. Ela pediu para que Manu tentasse descobrir onde Lónan estava. Quanto menos ela se metesse a passear pelo castelo de memórias da mãe, melhor seria para o seu relacionamento.

Léo disse que iria para casa, pois tinha que conferir se os pais estavam bem. Babi ficou na casa de Jess com receio de qual pudesse ser o seu destino. Só de imaginar ter que ficar com Belinda sozinha em casa, especialmente agora que o pai estava dormindo no quarto de um hotel, aquilo a fazia sentir vontade de arrancar os próprios cabelos. Babi segurou as mãos de Jess.

– Tudo vai ficar bem. Nós vamos passar por essa... – Babi disse para Jess. A ruiva foi respondida com um sorriso.

Manu disse que precisaria de algumas folhas e tinta de aquarela. Assim como as palavras eram poderosas, a magia se dialogava com as diferentes expressões artísticas. Estávamos cercados por energias e objetos mágicos, pensou Manu. Desde os dias antigos até os atuais as bruxas usam galhos, runas, ossos, sangue, cristais, flores, folhas, palha, ervas, cabelos e demais elementos para realizar feitiços e rituais, manifestações da arte da bruxaria.

Amanda roncava, quando Manu colocou a mão sobre a cabeça dela e com o pincel, começou a pintar. Ele deu várias pinceladas em diferentes cores no papel e tento visualizar Lónan. A tinta se movimentou pelo papel, dando forma às imagens. A primeira cena que ele viu foi de um carro em movimento, depois a cena se transformou e ele viu uma garota encostada no banco. Natasha.

– Que diferença vai fazer descobrir onde eles estão? Lónan me deu sua palavra. Eu vi com os meus próprios olhos ele partindo de São Cipriano – mentiu Petrus.

– Não cause mais problemas, Petrus – pediu Sylvanus. – Para começo de conversa, eu não deveria estar aqui.

– Mas...

– Fiquem quietos, por favor! – berrou Jess, deixando a angústia vazar, como uma ferida purulenta. – Quer saber de uma coisa, leve Sylvanus para algum lugar seguro, Petrus. Depois nós nos encontramos.

– Hum... Você tem certeza disso? – perguntou Babi. – Imagine como a polícia vai reagir se encontrar Sylvanus.

– Sei lá. Sejam criativos. Inventem que é um irmão gêmeo, mas saiam daqui. É difícil olhar para vocês dois, sabendo que vocês fazem parte do problema. Eu sei que não posso tomar uma decisão, mas se eu pudesse... Ah, Sylvanus. Me perdoe por pensar isso, mas vocês dois estariam mortos – respondeu Jess, sentindo os olhos se encherem de lágrimas.

– Entendi – lamentou Petrus, enquanto puxava Sylvanus. O bruxo ficou confuso com as palavras da garota. Havia tanto ressentimento, que ele desejou estar morto.

Jess escutou o soluço de Sylvanus que cortou o seu coração, mas precisava ser sincera. Estava cansada de arrumar a bagunça dos outros.

Havia tanta tinta no papel que Manu não precisava mais usar o pincel. As imagens estavam se movimentando com tanta velocidade que era como assistir a uma animação. Os olhos de Manu mudaram para um tom esverdeado conforme ele se conectava com a energia de Lónan, impregnada na aura de Amanda e movia suas mãos em movimentos circulares provocando ondulações e respingos.

O Livro - Os Bruxos de São Cipriano Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora