O Idiota da minha escola

XIV

-Clara? -Ouvi uma voz ofegante chamar por ela.

Guto.

Tinha medo e preocupação na sua voz.

-Até que enfim te achei, estava desesperado... Clara, meu amor, o que você fez com você? -Ele olhou para as coxas cortadas da Clara e vi seus olhos encherem de lágrimas que lutaram para não serem soltas.

-Eu estou bem Augusto. -Ela disse com uma voz falha.

Ele negou com a cabeça.

-Sei que está confusa, mas isso não vai ajudar e você sabe disso. Queria poder fazer alguma coisa e te ajudar, mas eu não sei o que mais eu posso fazer a não ser ficar ao seu lado... Se você aceitar, é claro. -Ela assentiu e eu senti que eu estava sobrando ali. 

-Bom gente, eu vou indo. -Levantei do chão e sai andando, mas me lembrei da pergunta que a Clara fez. -Clara... -Virei para ela e a mesma me olhou. -Acho... -Ela levou um tempo para entender, mas assim que o fez, me virei e fui embora. 

Caminhei sem rumo pela escola por um momento e infelizmente dei de cara com a Maria. Meu Deus, essa escola é tão grande e a gente tem que viver se encontrando por ai. Ela revirou os olhos e parou na minha frente.

-Ora, ora, ora... Se não é a menina que está tirando meu namorado de mim. -Ela cutucou o meu ombro e eu tive que respirar fundo para não dar um soco na cara dela. -O Samuel nunca vai querer nada como umazinha que nem você. Se eu fosse você, eu arrumaria outra pessoa para irritar... 

-Isso é uma ameaça? 

-E se for? 

-Se for, eu tenho total propriedade para levar isso a direção. 

-Sendo filha da diretora até eu. Você sabe que só tem essa moral toda na escola, porque sua mãe é dona dessa merda toda, se não, você seria só mais umazinha.

-Reclama tanto que eu estou roubando seu namorado, mas eu to aqui e você também... Então cadê o mala do seu namorado? -Ela hesitou em responder e foi o suficiente para eu saber que ela não tinha ideia de onde o Samuel tinha se enfiado. Poderia por lenha na fogueira, mas não sou da laia dela. -Passar bem, Maria. -Deixei a chata da Maria com cara de cachorro sem dono e fui para o meu quarto, podia dar o dia por encerrado.