LXXVIII

13.8K 1K 214
                                    




Assim que as aulas acabaram, eu, o Samuel e a Clara saímos da sala e fomos para a biblioteca, pela entrada principal, pegar uns livros. No caminho, avistamos a Maria falando no telefone com alguém. Não queria parar para escutar a conversa dela, mas quando ouvimos ela pronunciar meu nome, a Clara nos puxou para o canto e fomos obrigados a ouvir tudo. Admito, estava mega curiosa para saber o que era, mas eu sabia que nada bom sairia daquela boca, ainda mais sobre mim.

-Eu sei... O que mais eu posso fazer, amiga? ... Não, já fiz coisa pior e os dois estão namorando. Não suporto... O que eu fiz? ... Eu paguei uns alunos para abusarem dela, mas o mala do Samuel chegou para atrapalhar...

Se a conversa continuou eu não sei, só sei que depois do que a Maria falou, eu deslizei na parede até sentir o chão.

A Clara e o Samuel se abaixaram do meu lado. A Clara sem entender nada, coitada.

Comecei a chorar desesperadamente, relembrando os meninos me agarrando.

-Eu não achava que... -Não conseguia falar. Chorava tanto que estava ficando sem ar.

-Não tinha parente seu doente? -A Clara perguntou e eu neguei. -Meu Deus, Alice! -Ela me abraçou quando caiu a ficha do que tinha acontecido. Ela não disse mais nada sobre o assunto e nem me julgou por não ter contado para ela. E é por isso que amo a minha melhor amiga. -A gente precisa fazer alguma coisa.

-Nada de vingança. Só vamos contar para minha mãe e mandar essa menina de volta para seja lá de onde essa garota seja. -Falei entre lágrimas.

-Amor, se acalma. Nada de ruim vai te acontecer.

-Eu sei. Eu só estou com as lembranças do que aconteceu aquele dia e eu não conseguia imaginar a Maria sendo tão baixa assim.

-Afasta essas memórias ruins, Alice. -A Clara disse. -Pensa em algo que te alegre.

Os dois ficaram sentados no chão comigo até que eu me acalmasse. Quando o fiz, fomos direto para sala da minha mãe.

-Entre. -Ela disse após termos batido na porta.

O Samuel abriu a porta.

-Alice? Está tudo bem, filha? -Minha mãe perguntou preocupada, provavelmente devido a minha cara de choro.

-Descobrimos quem pagou aqueles meninos. -O Samuel disse e ela rapidamente entendeu do que se tratava.

-Quem? -Ela perguntou com a voz cheia de raiva e ódio.

-A Maria. -A Clara disse quando o Samuel hesitou.

-Vou tomar providências severas. -Ela disse com raiva. -você está bem, minha filha? -Ela me abraçou e eu retribuí.

-Estou sim, mãe. Foi só o susto do momento... Tenho uma coisa para contar. -Queria tirar aquele ar de tristeza da sala da minha mãe. Não queria ninguém chorando as minhas lágrimas que nem eu queria chorar.

-O que foi, Alice? Aconteceu mais alguma coisa?

-Não, mãe. Calma... É algo bom.

-Ai, Alice. Eu não entendo esse seu humor. Francamente. Fala, filha. -Ri do que ela falou.

-Vi que estou sobrando aqui. Beijinho gente. -A Clara me abraçou. -Você não vai fugir da nossa conversa. -Ela saiu da sala, me deixando com meu namorado e minha mãe.

-Ih, já sei! Estão namorando? -Eu e o Samuel nos olhamos.

-É tão previsível assim? -Eu e ele perguntamos ao mesmo tempo.

-Sim. Vocês são o casal que os professores mais torciam para ficarem juntos. -Ela disse rindo.

-Você conversam sobre isso? -Perguntei rindo.

-Claro ué... Mas parabéns aos dois. -Minha mãe deu um abraço em mim e no Samuel. -Você se safou, heim Samuel, não tem um homem na família para dar aquele discurso irritante de "o que você fizer com minha filha, eu faço o dobro com você".

-Obrigada, Sra. Carla. -Ele riu. -Mesmo sem esse discurso, prometo tratar a sua filha com todo respeito do mundo. Não quero que nada de ruim aconteça com ela. -Ele me abraçou por trás.

-Fico muito feliz em saber que suas intenções com minha filha são as melhores. -Nós três ficamos batendo papo até minha mãe ter que ir para uma reunião.

O Idiota da minha escolaOnde histórias criam vida. Descubra agora