XXXVII

15.5K 1.2K 153
                                    


-Samuel... -Abri os meus olhos e vi um Samuel que eu nunca vira, calmo e sem farpas na mão. Nossos corpos e rostos estavam tão perto e saber que eu não era a única que fechara os olhos me deu vontade de sorrir e eu sorri. 

Ele abriu os olhos, me viu sorrindo e sorriu também afastando-se de mim devagar. 

Fiquei tão insegura quando processei o que aconteceria se eu não tivesse chamado seu nome, que o medo tomou conta de mim. Não medo do Samuel que, apesar de me tirar do sério, não me faria mal... Senti medo do passado e das coisas que eu já vivi. Não queria nunca mais ter que viver ou lembrar de nada daquilo... Não queria ter memórias que eu tenho do meu pai e não queria que certos momentos me atormentassem até os dias de hoje, quando estou dormindo e, pior, quando estou acordada.

-Desculpa...Eu... -Ele se enrolou com as palavras e preferiu mudar de assunto. -Se eu falar que não voltei com a Maria, podemos fazer alguma coisa? -Preferi não tornar a conversa intensa de novo e não fiz nenhum comentário sobre segundos atrás.

-Podemos sim. -Fechei o meu not. Não aguentava mais ouvir as mesmas músicas. -O que você quer fazer? Ah, nada que envolva movimento, pois meu pé está doendo horrores.

Ele me olhou feio.

-Como você chegou aqui? -Perguntou preocupado, e que bonitinho que ele ficava quando estava preocupado.

-Pulando. -Dei de ombros. 

-Você pulou do seu quarto até aqui? -Ele continuou me olhando feio. 

Assenti com a cabeça.

Ele levantou e me pegou no colo com facilidade.

-Vamos jogar quest. -Ele falou enquanto caminhava comigo para a sala de estar. 

-Me coloca no chão! As pessoas estão olhando. 

-Bom dia. -Ele disse para um grupo de meninas que passou contra nós, ignorando completamente meu comentário. 

-Me bota no chão. -Ele me ignorou de novo. 

Bufei.

-Já disse que você parece um touro quando bufa? -Olhei para ele e o fuzilei com os olhos. Ele riu.

Chegamos na sala de estar, que não tinha mais que cinco pessoas. Ele me colocou em uma cadeira, pegou o jogo e sentou na minha frente. 

-A gente vai jogar, mas ainda sim quero que a gente faça algo mais divertido. Esse jogo é muito educativo. -Sorri para ele e, após tudo estar montado e ele ter colocado meu pé em uma cadeira, começamos a jogar. 

Que vença o melhor!


O Idiota da minha escolaOnde histórias criam vida. Descubra agora