LXIX

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-Lembra quando saiu os segredos de todo mundo naquele Twitter fake e você me perguntou se eu tinha lido? -Assenti. -Eu menti. Naquele dia que eu te vi chorando, eu não consegui falar que eu sabia. Foi tão duro te ver naquele estado. Eu queria te abraçar e falar que tudo ia ficar bem, mas, mesmo você achando que eu não sabia de nada, você não me quis perto. Desculpa, Alice.

-Eu desconfiava, Samuel, afinal, como o Samuel Mello não ia querer saber se falaram dele também?

-É qu...

-Não, Samuel, não precisa se justificar, eu entendo. -Ele respirou aliviado e eu sorri para ele.

-Se você quiser pode ir embora, eu vou ficar bem.

-E se eu não quiser?

-Hm... Pode ficar então.

-Eu fico.

-Obrigada. -Falei olhando em seus olhos. -Mais uma vez, abrigada, eu não sei o que seria de mim se você não tivesse chegado naquela hora. Você salvou a minha vida, Anjo, e eu vou ser eternamente grata a você por isso. E, obrigada, por me mostrar que eu tenho valor, mesmo depois de tudo que eu já passei. Passei a vida ouvindo das pessoas que eu tinha valor e que eu não era suja, mas ninguém tinha me provado isso antes.

-De nada e, por você, eu faria tudo de novo.

-Como você sabia? Digo, que eu estava lá? Ninguém passa por aquele corredor sem estar indo para a biblioteca.

-Acredita em intuição? -Assenti. -Eu hoje acordei desesperado achando que alguma coisa tinha acontecido com você. Fui no seu quarto, no jardim, sala de estar e piscina. Corri quase a escola toda, foi ai que encontrei a Kelly e perguntei para ela se sabia de você. Ela que me disse que você estava lá.

O abracei e ele retribui, mas como um daqueles abraços de urso e caímos para trás na cama. Nós dois começamos a rir e nem ouvimos quando minha mãe entrou no meu quarto.

-Isso são risadas? -Ela perguntou aliviada. Nos fazendo parar de rir e sentar na cama como duas crianças que foram pegas fazendo algo errado. -Me diz que eu não estou ficando maluca e a Alice está bem?

-Eu estou bem, mãe.

-Mesmo? -Ela perguntou sem entender. -Depois de tudo que aconteceu hoje?

-Claro que eu estou abalada e com medo do que aconteceu, mas, hoje, eu percebi que eu não sou suja e que as pessoas ainda podem sim gostar de mim. Percebi que eu ainda posso achar alguém que vai gostar de mim com todas as minhas imperfeições. -Dei um sorriso e minha mãe sorriu também.

-Nesse pouco tempo que eu saí o Samuel conseguiu colocar isso na sua cabeça? Coisa que a terapeuta e eu não conseguimos em anos? -Olhei para o Samuel e depois para minha mãe. Ela falando com essas palavras, parecia algo que só acontecia em filme.

-É. -Disse balançando a cabeça.

-Samuel, você é um anjo!. -Minha mãe se aproximou dele. -Levante para eu te dar um abraço. -Ele levantou e ela o abraçou. Mesmo ela falando bem baixinho para o Samuel, eu consegui escutar. -Você é um anjo na vida da Alice, obrigada por ter feito a minha filha entender que o que aconteceu não tira o direito dela de ser feliz.

-De nada. -Ele sussurrou de volta antes de se afastarem.

-Será que eu posso ficar um tempo sozinha com a minha filha?

-Claro. -Ele respondeu sorrindo. -Tchau Sra. Carla. Tchau pequena. -Ele chegou perto de mim e me deu um selinho acompanhado de um sorriso. O que deixou minha mãe e eu muito surpresas.

Sorri de volta e ele foi embora.

O Idiota da minha escolaOnde histórias criam vida. Descubra agora