XXXIII

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-Não me sinto a vontade para falar isso hoje. Talvez outro dia, talvez até amanhã, mas não hoje. -Ele me olhou com um olhar triste e sofrido.

-Ah, desculpa. -Ele parou de boiar e ficou na minha frente.

-Não tem que pedir desculpa, Alice. Não fez nada de errado. 

-Me meti em um assunto que eu não devia. -Antes que ele pudesse responder qualquer coisa, brotou, da água, uma pessoa entre a gente. Maria.

-Opa, desculpa. -Ela olhou para o Samuel e depois para mim. -Eu nado de olho fechado, não vi vocês. 

-Tudo bem, Maria. -Ele disse.

-Mas e ai, como você está, Sa? -Ela se virou para ele. 

-Eu estou bem e você?

-Estou bem... Será que a gente pode conversar?

-Agora não dá, Ma...

-Não fala isso, Samuel. Eu estou arrependida de tudo que aconteceu entre a gente e eu... -Respirei fundo e mergulhei. Não sabia o que tinha acontecido com os dois, ou melhor, sabia apenas por rádio corredor: os dois brigaram por questões de ciúmes, ela traiu ele e depois ele traiu ela. 

Quando voltei para a superfície os dois ainda conversavam, achei melhor sair de perto e deixar os pombinhos se resolverem. 

Saí da piscina e fui para o meu quarto que ele nem percebeu. Tomei um banho lento e depois caí na cama. Dormir até as minhas colegas de quarto entrarem desesperadas no quarto para tomar banho e se arrumarem para a festa.

-Querem um megafone? -Perguntei tampando a minha cara com o edredom. 

-Se ele for te tirar da cama, queremos. -A Ana tirou a coberta de cima de mim com um único puxão. 

Resmunguei e a Clara riu. 

-Vai para a festa hoje? -A Ana perguntou separando as coisas dela para tomar banho. 

-Não sei nem porque ainda pergunta, você sabe que ela não vai. -A Clara disse se jogando na cama.

-Vou. -Olhei para a Clara que ficou de queixo caído.

 A Ana e a Clara se entreolharam.

-Você para! Mas, Alice, você para! Nós tentamos, sua mãe e o Guto também. Se nem nós conseguimos te tirar desse seu mundinho, quem foi que conseguiu?

Engoli as palavras e as duas me olharam já sacando tudo.

-Não! -A Ana falou. -Como isso, Alice? 

-Como o Samuel conseguiu te fazer ir a festa? Se nem nós que somos suas melhores amigas conseguimos?

-Eu não sei. -Dei de ombros e deitei na cama.

-Ai meu Deus, Alice! -A Ana gritou, provavelmente acordando todo mundo. -Você gosta dele! 

Fiz um sinal para que ela falasse mais baixo. 

-Gosta? -A Clara perguntou com os olhos arregalados. 

-Não! -Falei rápido demais.

-Nãnão! Respondeu rápido demais. -A Clara falou.

-Dá para vocês pararem com esse interrogatório sem noção todo? -Elas estavam começando a me tirar do sério. 

-É só você admitir, Alice. Isso não é nenhum crime, ou seja, você e ele vivem brigando e trocando xingamentos por ai. -A Ana falou.

-Ele é muito mimado e arrogante. A Alice não gostaria dele.

-Primeiro, vocês não conhecem ele e, segundo, podem parar de ficar repetindo meu nome toda vez que fazem uma frase? 

-E você conhece? -Dei de ombros.

-Mais que vocês. Eu sou obrigada a aturar aquele peste de segunda à sexta e, cá entre nós, ele nem é tão idiota quanto eu o julgava ser. 

-Ai meu Deus, Ali... Desculpa. Você já está até defendendo ele. -A Clara falou. 

Bufei. 

-Você não ia tomar banho, Ana? -Perguntei olhando para ela que segurava tudo na mão. Ela me olhou sem entender e depois olhou para as próprias mãos.

-Ah é, eu ia! Ia não, eu vou! Beijos. -Ela entrou no banheiro e fechou a porta. 

-Você gosta dele? -A Clara sussurrou para mim. 

-Não. -Respondi no mesmo tom, depois de pensar por alguns segundos na ideia.  


O Idiota da minha escolaOnde histórias criam vida. Descubra agora