LXXIII

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-Não, eu... Ah, deixa para lá. -Ele me beijou e eu, claro, retribui. Mas meus pensamentos não estavam cem porcento no beijo. O que ele queria dizer quando disse que gostava de mim? O que ele desistiu de dizer? Ai, Samuel, por que você tem que ser um ser humaninho tão complicado? 

Ele parou nosso beijo com selinhos. 

Nunca imaginei que o Samuel pudesse ser tão carinhoso. 

-Quer desistir do filme e ir caminhar? -Ele perguntou.

-Sim. -Ignorei o nosso trato de saber se o filme seria bom ou não e aceitei.

Desligamos a televisão e saímos do prédio. 

-Como está com a sua mãe? 

-Descobri pelo Hugo Gloss que ela na Califórnia fazendo um filme de mãe preocupada.

-Não lembro se pedi desculpa por ter empombado com sua mãe aquele dia. -Ele segurou minha mãe e entrelaçou nossos dedos. Dei um sorrisinho discreto e não sei se ele reparou. Espero que não.

-Você não tem que se desculpar por aquilo. Ninguém nunca tinha feito algo parecido por mim antes.

-Acha que fiz por você? -Olhei para ele forçando um olhar sério.

-Não? -Ele entrou na onda e semicerrou os olhos.

-Sabe, nossas brigas não estavam tão intensas ultimamente que eu tive que brigar com outra pessoa.

-Se quiser a gente pode brigar, aqui e agora! 

-Estou gostando de não brigar com você. -Dei um sorrisinho e ele me deu um selinho. 

-Obrigado. -Olhei em seus olhos. -Digo, por ter enfrentado a minha mãe por mim. 

-Disponha. -Dei um selinho nele. 

O Samuel passou seus braços para a minha cintura. Iríamos nos beijar...Pena que saí correndo. 

-Volta aqui, Alice. -O Samuel correu atrás de mim e, não demorou muito, ele conseguiu me agarrar por trás. -Acho que você tem que correr mais rápido da próxima vez que quiser tentar fugir de mim. -Ele depositou vários beijinhos no meu pescoço, enquanto me virava para ele. 

-E se eu não quiser fugir? -Sussurrei para ele. 

-Eu fujo. -Ele me soltou e saiu correndo. Que merda. Como eu vou alcançar esse garoto? 

Tentei correr atrás dele, mas chegou um momento que ele estava quase 300 metros de distância de mim, que eu desisti. 

-Vai pela sombra. -Falei com as mãos no joelho, já cansada de correr. Sentei no banco que estava ao meu lado para recuperar o fôlego e, só então, percebi que era o banco do jardim que eu sempre sentava. 

Segundos depois, o Samuel estava sentado do meu lado, completamente inteiro. Sem respiração ofegante, sem estar morrendo ou qualquer outra coisa do gênero. 

-Como você consegue? -Falei pausadamente e ele riu.

-Sou atleta, Am...Lice. -Ele ia me chamar de "amor", mas hesitou. Por que hesitou? Ele já havia me chamado de amor antes. -E você também não deveria estar morrendo assim. Você é dançarina.

-Era... -Engoli em seco. -Eu era dançarina. Agora sou uma daquelas que se aposentou antes de ter começado a carreira. 

-Para mim, você sempre será a melhor dançarina do mundo. -Ele tirou as mechas do meu cabelo que caiam em meu rosto.

-Ata. Já viu a Chloe Lukasiak dançando? Ana Botafogo? Evgenia Obraztsova?

-Eu já fui em uma apresentação de ballet de Bolshoi e, em minha leiga opinião, você tinha total capacidade de estar dançando lá. 

-Você já foi? 

-Já fiquei com uma bailarina de lá e ela me deu ingresso de graça. -Ele deu de ombros. 

-Com quem você nunca ficou, né Samuel? -Revirei os olhos. 

-Hm... Nunca fiquei com uma lutadora, não, pera... Já sim... -Revirei os olhos de novo. -Isso não importa. O que importa é com quem eu quero ficar agora. -Ele olhou nos meus olhos.

-E quem seria? -Quando nossos rostos ficaram tão próximos?

O Idiota da minha escolaOnde histórias criam vida. Descubra agora