LXVIII

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-Eu só queria que meu primeiro beijo tivesse sido especial, era a única coisa que meu pai não tinha tirado de mim.

-Ele tirou... Tirou sua...

-Virgindade? -Terminei a frase que ele teve tanta dificuldade de pronunciar. -Não. Mas ele abusou tanto de mim de formas diferentes que não me considero virgem. Mesmo que eu, biologicamente, ainda seja.

-Ah meu Amor, eu nem consigo imaginar por tudo que você passou, mas se depender de mim, nada mais vai te amedrontar. Eu prometo. Nem que eu tenha que viver colado em você, ninguém, nunca mais ,vai te fazer sentir medo ou sofrer. -Ele chegou perto de mim, limpou minhas lágrimas e me abraçou.

-Obrigada Samuel. -Desfizemos o abraço, mas nossos corpos continuaram próximos e eu conseguia sentir sua respiração.

-Eu namoraria. -Ele disse.

-O que?

-Você perguntou quem namoraria você e eu to dizendo que eu namoraria, se você quisesse.

-Está me pedindo em namoro, Samuel? -Perguntei rindo, afastando os pensamentos sombrios e tristes. -A gente nem se beijou ainda e você já quer namorar?

-Não, pequena, não estou te pedindo em namoro. Só falei que namoraria. -Ele deu um sorrisinho carinhoso.

-E qual q diferença?

Esse era um dos muitos motivos que me faziam se apaixonada por esse menino. Ele conseguia fazer eu me sentir bem e afastar os meus pensamentos ruins.

-Tempo verbal. -Eu ri. O silêncio reinou entre a gente, mas não era desagradável.

Ele estava imóvel me olhando bem nos olhos e eu, bom eu, aproximava meu rosto cada vez mais do dele. Eu conseguia sentir sua respiração ficando irregular e suas mãos repousando no meu rosto. Nossos rostos já estavam tão próximos quando eu dei um sorrisinho tímida e o mesmo retribuiu e, antes que eu estivesse preparada, no beijamos.

Foi um beijo com movimentos lentos e carinhosos, sua língua explorava todos os cantos da minha boca e, quando eu tinha entendido os movimentos, deixei a minha língua explorar a boca dele também. Uma de suas mãos foram caminhando até a minha cintura e a outra parou no meu pescoço. As minhas mãos estavam, uma em seu pescoço e a outra em seu cabelo, onde eu dava uns leves puxões. Durante todo o beijo, eu senti uma sensação boa e meu coração estava acelerado, juntamente com o dele.

Não queria que o nosso beijo acabasse nunca, mas tivemos que parar por motivos de: precisarmos respirar.

-Desculpa não ter sido o primeiro. -Ele disse baixinho.

-Você foi... O primeiro que eu dou importância. -Dei um sorriso carinhoso e acariciei seu rosto. -Mas eu te desculpo por ter demorado tanto. -Ele riu.

-Até parece que tivemos outras oportunidades. A gente só briga. -Eu ri.

-Se brigarmos menos nos beijamos mais? -Me arrependi no segundo seguinte que pronunciei as palavras. A gente se beijou uma vez e eu já achava que iríamos casar e ser avôs de dez netos. -Olha, não... não precisa...olha, não... -Ele me beijou de novo.

-Eu vou te beijar a partir de agora com brigas ou sem brigas. Claro que com as nossas brigas padrões vai ser bem mais legal. -Disse após finalizar nosso beijo. -Você beija muito bem, marrentinha. -Sorri para ele. -Se você falar, você nem tanto, Alice, eu vou te beijar de novo e de novo, até você dizer que eu beijo bem. -Disse se gabando.

-E se eu falar que você beija bem? -Entrei no jogo dele.

-Te beijo mesmo assim.

-Não vi vantagem em nenhuma das opções. -Falei forçando uma cara séria e, de repente, ele ficou sério. Será que eu disse algo errado?

-Tenho que te contar uma coisa.

-Da última vez que você disse isso brigamos muito feio.

-Eu sei, mas eu preciso. -Ele continuou tenso.

-Então fala. -Me afastei dele para ouvir sua confissão.

O Idiota da minha escolaOnde histórias criam vida. Descubra agora