LXX

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Assim que o Samuel saiu, minha mãe começou a me tacar perguntas sobre ele.

-Estão namorando? -Ela sentou ao meu lado na cama.

-Não.

-Mas você gosta dele? -Soou mais como uma afirmação do que uma pergunta.

-Não... Quer dizer, sim... -Não via porque mentir para minha mãe.

-Ele também parece gostar de você.

-Ai mãe, não acho que goste.

-Depois do que ele fez por você hoje? É claro que ele gosta.

-Vamos ver um filme e acabar com esse interrogatório? -Sugeri.

-Vamos. -Ela respondeu sorridente. Ligamos a televisão do meu quarto e colocamos um filme qualquer. Na verdade, não estávamos muito preocupados com o que estava passando, só queríamos ter a companhia uma da outra.

Vimos um...Dois...Três filmes e quando nos demos conta já eram dez da noite. Tive que dormir em casa e,amanhã, acordaria mais cedo para ir ao dormitório. Não avisei os meus amigos que não ia dormir no meu quarto, mas pedi para o Samuel falar que eu tive um probleminha e precisei ir para casa, até amanhã, eu tinha algumas horas para inventar uma boa desculpa.


Acordei no dia seguinte com a minha mãe batendo na porta. Levantei, tomei um banho e coloquei uma roupa limpa.

-Bom mãe, vou indo.

-O que? Você vai para aula hoje? Está se sentindo bem? -Ela perguntou toda preocupada.

-Vou e estou. Não se preocupa, mãe. Os meninos já não estão mais aqui e eu já disse que estou bem. -Me sentia melhor do que eu achava que poderia me sentir.

-Mas quem pagou os meninos ainda pode estar por ai.

-Ou, essa pessoa pode nem ser da escola... Ah, mãe deixa eu ir, qualquer coisa eu vou na sua sala.

-Tudo bem, filha, mas, antes, me dê um abraço. -Fui até a minha mãe, com um sorriso no rosto, e a abracei. -Eu te amo.

-Eu também te amo, mãe. -Desfizemos nosso abraço e saí da minha casa, sem medo de ser vista. Assim que saí, vi o Samuel passando. Coincidência? Talvez.

-Bom dia. -Falei. Ele parecia que não tinha me visto, mas quando o chamei, ele se virou para mim.

-Bom dia. Antes que ache que estou de seguindo, eu já digo que não estou. Costumo caminhar quando acordo cedo demais.

-Pode ser que esse pesamento tenha passado vagamente pela minha cabeça.

-Não estava te segundo, mas, se quiser, te faço companhia até o dormitório, aceita?

-Sim. -Começamos a caminhar lado a lado. -O que disse para os meus amigos?

-Que sua mãe te disse que um parente seu estava muito doente e depois disso você começou a passar mal.

-Boa desculpa. -Ele ia falar algo, mas hesitou. Depois resolveu falar:

-Você tem certeza que não vai contar nada para os seus amigos? Nem para Clara e para o Guto? -Claro que eu não havia cogitado a hipótese de contar o que aconteceu para eles. Sabia que me olhariam com cara de pena e eu não poderia aguentar isso dos meus próprios amigos. Não seria difícil guardar isso de todos. Talvez fosse um pouquinho difícil guardar do Guto e da Clara, mas nisso eu daria um jeito.

-Tenho. -Disse com confiança e ele não tocou mais no assunto. Não achei necessário pedir para ele guardar segredo, pois sei que ele não contaria para ninguém... Confiava nele.

-Quer fazer alguma coisa depois da aula? -Ele me perguntou.

-Podemos ver um filme.

-Ou... Podemos ir para a piscina.

-Ou... Podemos ir para o banquinho do jardim, escutar de novo aquele CD que você fez para mim.

-Ou...Podemos estudar em nome dos velhos tempos.

-Prefiro ver um filme. -Falei rindo.

-É... Eu também.

-Eu escolho. -Nos olhamos e falamos ao mesmo tempo.

-Tudo bem, eu deixo você escolher. -Eu disse e ele abriu aquele lindo sorriso dele para mim.

-Entregue. -Ele disse quando paramos na entrada do dormitório. -Até daqui a pouco.

-Até. -Ele se aproximou de mim, me olhou nos olhos e me deu um beijo na testa. Admito que fiquei decepcionada, mas não falei nada. Fui para o meu quarto sem olhar para trás.

O Idiota da minha escolaOnde histórias criam vida. Descubra agora