XLIV

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-Ah cara, ele é lerdo mesmo. Teve um tempo ai que a gente não ficou junto por causa do Caio, mas agora que até ele está botando pilha na gente, eu não sei o que deu dele. Talvez ele não goste mais de mim, ou talvez nunca tenha gostado, não sei. Eu, a cada dia que passa, gosto mais daquele garoto, mas ele não parece sentir o mesmo. 

-Quando ficaram pela última vez? -Perguntei. 

-Já faz 84 anos. -Rimos. Ela pareceu pensar. -Desde antes do perfil fake. 

-Putz. Precisamos dar um choque de realidade naquele garoto. -A Ana falou.

-Não! -A Kelly falou rápido demais. -Se ele precisa de um empurrão para isso, é por que ele não quer, então é melhor deixar quieto.

-Mas Kelly...

-Se você prefere assim, assim será. -Interrompi a Ana que me olhou com um olhar assassino. A Kelly sorriu para mim. 

Ficamos conversando por mais alguns minutos, até que apaguei. 

Acordei no dia seguinte com a minha mãe gritando na porta. Levantei da cama em um pulo. Olhei para a cama e vi a Ana e a Kelly me olhando em desespero. 

-Mãe? O que você faz aqui? -Ela não respondeu. -Já estou indo! -Gritei. 

Olhei para as minhas amigas e a Kelly estava desesperada, coitada. 

-Deita ai, cobre a cara e finge estar dormindo. -Falei para a Kelly. Respirei fundo e abri a porta. -Bom dia, mãe. -Falei com voz e cara de sono. 

-Até que enfim, Alice! Vamos, preciso de você na minha sala agora. -Ela virou e saiu andando. 

Olhei para dentro do quarto e fiz um sinal de ok para a Ana, que se jogou na cama e voltou a dormir.

-Anda, Alice. -Fechei a porta e segui a minha mãe. 

-O que pode ser tão importante que você precisou vir me chamar no quarto? 

-Você tem sorte de eu te tratar como as outras alunas e não abrir a porta do seu quarto e te puxar pelos cabelos. -Gelei.

-Olha mãe, se eu fiz alguma coisa de errado eu não estou sabendo, pode me falar? 

-Na minha sala. -Ela disse curta e grossa e não disse mais nada até estarmos na sala dela de porta trancada com a ilustre presença de ninguém mais, ninguém menos que Samuel. -Senta ai. 

Sentei.

-Que história é essa de espalhar fofoca por ai? Ainda mais do Samuel? -Será que ele foi tão baixo a ponto de vir falar com a minha mãe? Olhei para ele e voltei a olhar para minha mãe.

-Então é isso? Você me acorda e acorda minhas colegas de quarto por causa de uma mentira que ele contou e você acreditou?

-Ele é o menor dos seus problemas, Alice. A mãe dele quer processar você! 

-Alegando o que? 

-Difamação! -Meu cérebro parou. Por um tempo eu tinha pergunta demais, uma mais irritada demais para esperar eu fazer todas elas e um Samuel aleatório na cena. 

-Tudo bem, pera! Como isso chegou nela? 

-Através do meu problema maior... A mídia. Não sei se você lembra, a Maria gosta de fama e é só estalar um dedinho que tudo que ela quer viraliza. 

-Você não deveria espancar a porta da Maria? -Olhei para a minha mãe. -A sua mãe não deveria processar a Maria? -Olhei para o Samuel. 

-Alice, esse não é o caso. Você começou o boato, voc...

-Você que disse isso para ela? -Continuei olhando para o Samuel. -Mãe, você não pode acreditar nas mentiras que o Samuel contou sobre mim, ele só quer alguém para culpar pelos problemas dele. Eu tentei me explicar para ele ontem, mas ele está tão coberto pelo ódio do que aconteceu que culpa qualquer um que vê pela frente. Eu não fiz nada. -Olhei para a minha mãe.

-Engraçado, foi o mesmo que o Samuel me disse. -Arregalei os olhos e olhei para ele. O Samuel me olhou com um olhar de decepcionado e indiferença. Isso é possível? -Então, vocês dois estão me dizendo que a Joana está mentindo e processando uma menor por nada?

-Sim. -Eu e o Samuel falamos ao mesmo tempo. 

Ele bufou. Senti vontade de sorrir ao lembrar de todas as vezes que ele falou que eu parecia um touro quando bufava, mas contive a minha vontade.

-Olha Carla, a minha mãe é a queridinha da mídia e ela ser acusada de abandono de menor, ou seja lá pelo que o conselho tutelar tenha caído matando em cima dela, vai acabar com a carreira dela. Ela tem poder e conhece gente, a única coisa que quebra ela, é o meu depoimento. 

-Eu já fui acusada aqui na escola por uma coisa que eu não fiz, agora querem me processar pela mesma coisa que eu já disse que não fiz?

O Idiota da minha escolaOnde histórias criam vida. Descubra agora