XLII

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Se eu contasse para algum amigo meu sobre a discussão que eu tive com o Samuel, é capaz de todos eles falarem que eu fui trouxa de dizer tudo que disse e talvez eu seja. Mas, a minha mãe me disse, que responder raiva com mais raiva não adianta de nada. Eu poderia ter tacado mil pedras nele por ele ter me acusado de uma coisa que eu não fiz, poderia ter o xingado, mas eu não sou assim. Sei que ele só disse aquelas coisas, pois precisa de alguém para culpas, pois, mesmo que ele se mostre um menino forte e egocentrico, ele é frágil e muito carente. Brigas, foi tudo que ele conheceu como amor, ele precisava estar brigando com os pais para que eles notassem que ele estava ali e eu ser digna das brigas dele, mostram que, do jeito dele, ele se importa e gosta de mim. Só que ele precisa descobrir isso sozinho. Não posso passar a mão na cabeça dele, ele precisa saber que o que fez comigo foi errado, ele precisa sentir culpa pelo que ele vez e só assim ele vai aprender que raiva nunca é a solução. Admito que fiquei magoada com as acusações dele e eu seria idiota se não falasse umas verdades dolorosas para ele, mas ele precisa saber que quando ele colocar a cabeça no lugar, vai ter alguém do lado dele. Tudo que o Samuel precisa é de alguém que acredite que ele é bom só sendo ele mesmo. O Samuel não precisa ser ator, mimadinho, um rostinho bonito, um rebelde sem causa, para ser o Samuel, pois, por mais que ele não fosse nada disso, ele ainda seria ele mesmo, o menino sensível, risonho, divertido, inteligente, bom astral, cuidadoso, amoroso e preocupado que eu sei que ele é. 

Enfim, voltei para a piscina como se nada tivesse acontecido, tirei minha roupa, ficando de biquíni, e pulei na piscina. Não tinha porque eu me sentir culpada, a única coisa que eu estava sentindo era tristeza, pelo Samuel ter achado que eu poderia ser tão baixa a esse nível. 

-Está tudo bem? -A Clara perguntou.

-Tudo ótimo. 

-Fizeram as pazes? -O Caio perguntou.

-Não, mas pelo menos tudo foi esclarecido. -Falei suspirando. 

-Sendo assim, fico feliz por você. -O Caio disse. -Joga com a gente? -Ele perguntou me mostrando uma bola. 

-Claro! Qual o time que o Guto não está? 

-Ei. -Ele falou forçando uma cara triste. -Isso machuca sabia? Esse seu desprezo por mim. 

-O meu. -O Guto disse rindo. 


O Idiota da minha escolaOnde histórias criam vida. Descubra agora