LXXXVIII

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-Onde você quer ir, Senhor sabe tudo de Moscou? -Perguntei ao Samuel antes de pegarmos o táxi.

-Catedral de São Basílio. -Ele disse bloqueando o celular.

-Sério, Samuel? Você ligado no 220 quer ir a uma Catedral? -Entramos no táxi. 

Acho que o motorista perguntou onde queríamos ir e eu mostrei o nome no celular. Moskvarium. 

Ele fez um sinal de "ok" com a mão e deu a partida no carro. 

-Onde vamos então, Senhora 220? -Ele me abraçou. 

-Nesse lugar aqui. -Mostrei o celular para ele. 

Um tempão depois, chegamos no nosso destino. Pagamos o taxista e saímos do carro. Foi meio difícil se comunicar com as pessoas, mas a gente se virou bem. 

Nossa tarde foi incrível e eu realizei um sonho de ir em um aquário! Eu estava tão animada e feliz que o Samuel ficou falando que eu era uma criança em uma loja de doces. 


-Termina logo de se arrumar ou a gente vai se atrasar para a apresentação. -Falei para o Samuel que ficou enrolando horas para decidir entre a blusa vermelha ou azul.

-Qual fica mais bonita? -Ele perguntou colocando as blusas em frente ao corpo. 

-Ai Samuel, tanto faz. -Olhei para a mala dele. -Vai com aquela cinza ali. 

-Boa! -Ele largou as duas blusas, pegou a cinza e a vestiu.  

Glória a Deus, saímos do hotel e pegamos um táxi direto para o teatro. 

Descemos do táxi e eu parei na entrada do teatro, completamente apaixonada. O Samuel pareceu perceber e me abraçou por trás.

-É bom saber que eu sei o que fazer para te deixar feliz. -Ele sussurrou em meu ouvido e eu me virei para ele, deixando de lado a maravilhosa arquitetura do teatro. 

-Você não precisava me trazer para Moscou para me fazer feliz. -Dei um selinho nele e ele me puxou para um beijo apaixonado.

-Vamos. -Ele perguntou parando o nosso beijo. Assenti e entramos no teatro. 

Eu não sabia se chorava ou ficava de queixo caído. Eu estava tão apaixonada por aquele lugar, que era capaz de ficar ali, parada, só olhando. Mas, como eu não queria perder a apresentação, fomos para os nossos lugares. 

-Eu te amo. -O Samuel falou e me deu um beijo na bochecha. 

-Eu também te amo. -Dei um beijo na bochecha dele. 

Ele pegou a minha mão e a apresentação começou...

Eu sorri, chorei e fiquei maravilhada. Nunca em minha vida eu tinha visto uma apresentação tão incrível e bem interpretada. Se eu pudesse, estaria toda semana aqui vendo apresentações, sem nem ligar se seriam repetidas. 

-Gostou? -Perguntou enquanto saíamos do teatro. 

-Eu amei! -Falei pulando de alegria e o Samuel riu.

-Estou pensando em pedir a sua guarda para sua mãe e te adotar como filha. -Ele falou rindo e eu dei um leve empurrão nele. 

-Deixa a criança ser feliz. -Falei. De repente, meu sorriso se desfez e eu fiquei triste. 

Lembrei dos meus ligamentos rompidos, o dia que falhei em entrar para a companhia de Bolshoi e, principalmente, dos meus dias que acabaram como dançarina. 

Comecei a chorar e o Samuel, sem eu ter dito nenhuma palavra, me entendeu e me abraçou. 

-Você pode não ser a melhor dançarina do universo, mas é a melhor dançarina para as pessoas que te amam. Sei que não era isso que queria, mas é a única coisa que podemos te oferecer. -Desfiz o abraço e limpei as lágrimas, já me recompondo. 

-É melhor do que eu poderia querer. -Forcei um sorriso sincero. -Foi só um pico de tristeza. Estou bem... Vamos? 

Samuel forçou um sorriso de compaixão e me abraçou enquanto caminhávamos para o táxi. 

O Idiota da minha escolaOnde histórias criam vida. Descubra agora