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           Caçar monstros é fácil.

Matá-los, ah, bem, é no mínimo regular.

Ambas as coisas podem ser conseguidas facilmente se você for registrado na OCRC – Ordem dos Caçadores de Recompensas do Canadá – e obter sua carteirinha oficial e legal para caçar e matar monstros.

Porém, Zoey não possuía nada disso. Nem a carteirinha que teria sua identificação, nem dinheiro e um Detector de Monstros legalmente no bolso. Nada. O que ela fazia era descaradamente clandestino. Mas ela trocou essa palavra por simplesmente ilegal; soava mais bonito.

E, naquele exato momento, ela estava observando o Parc Des Gouverneurs, um dos belos parques de Québec. O clima estava agradável e ameno, as sombras das árvores marcando a grama como uma pintura de um quadro a óleo, como aqueles que ela andava vendo no hotel Fairmont Le Château Frontenac, logo ao lado do parque.

Zoey estava empoleirada em cima de um galho firme de uma das árvores, sentindo a brisa calorosa brincar com seus cabelos loiro-escuros. Ela sabia que receberia alguns olhares esquisitos em sua direção – não era um pássaro para estar empoleirada -, mas não demoraria muito tempo ali. Faltava dois minutos para seu alvo chegar.

Ela olhou para a paisagem logo à frente. Embora o parque não tivesse com muito movimento, Zoey conseguia escutar o som do Rio São Lourenço a alguns metros de distância, admirá-lo mesmo de onde estava, a água do rio tão azulada, refletindo o céu da mesma cor. Ela abriu um sorriso. Se ela soubesse pintar ou desenhar, com certeza registraria aquela paisagem. Era digna de um quadro. E, pensando bem... Zoey nunca tinha visto um parecido com aquela.

Ela franziu a testa e fez um ruído frustrado. Por que diabos ninguém nunca pintou aquela paisagem? Pelo amor de todas árvores daquele parque, alguém deveria ter pintado aquilo, desenhado e...

Os olhos violetas de Zoey notou um movimento. Logo à frente, na calçada, havia dois bancos de madeira; um estava vazio, agora o outro...

O corpo dela se tencionou. Um sujeito alto trajando roupas de grife – bem, era apenas terno e gravata, mas Zoey tinha certeza que eram de grife – sentou-se naquele mesmo banco onde cinco vítimas mulheres e crianças foram mortas há uma semana. Obviamente a polícia local deveria ter bloqueado aquele banco ou o parque inteiro, contudo, o caso não era normal. Quase ninguém sabia daquelas mortes; elas foram executadas tão bem que sequer chegou aos ouvidos de outras pessoas.

Zoey examinou o perímetro. O parque era cercado por casas e logo ao lado havia o hotel. Não poderia haver muito barulho... Ela teria que ser discreta.

Então ela pulou do galho, pousando desajeitadamente no chão, mas logo se recompôs ao andar. Os passos eram cuidadosos e lentos; ela precisava pensar em como matar aquele sujeito sem fazer um escândalo.

O olhar foi para o lado esquerdo. Não havia movimento algum. Lado direito. Também não. Na rua à frente... Algumas poucas pessoas zanzando para dentro e fora do hotel. Ah, aquilo seria um problema, ainda mais quando a vítima estaria perto de chegar e sentar ao lado do sujeito. Zoey comprimiu os lábios. Ela teria que ser a vítima.

Ela acelerou os passos, aproximando-se do banco. O sujeito era alto demais e os ombros largos, atraente de costas naquele terno. Antes de contornar o banco e sentar, Zoey tentou vestir seu melhor sorriso inocente e uma expressão de quem não queria nada, apenas ficar ao lado de um homem bonito – se era bonito mesmo.

Zoey contornou o banco e sentou timidamente, ajeitando a saia preta. Sua vestimenta compunha daquela saia, uma meia calça marrom escura, um par de coturnos de couro preto e uma blusa branca de mangas longas, com um delicado laço preto envolto da gola. Teve que vestir aquilo porque... Porque não queria parecer que mataria alguém hoje ao seu irmão. Ela dissera a Noah que daria uma volta pela cidade nova e que se vestiria "de acordo", embora tivesse recebido um olhar suspeito em resposta.

Flower boys, thorn girls #1 [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora