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        Zoey cobriu a boca com a mão, arregalando os olhos, abafando um gritinho.

Ela deu dois passos em recuo, sentindo o ar dos pulmões pesar e o coração martelar.

O horror consumiu o peito de Zoey. As imagens das cinco vítimas do estacionamento jorraram como água, o cheiro pútrido de carne morta invadido suas narinas e queimando a garganta. De novo, de novo, de novo...

Então ressoaram grunhidos sufocados de dor. Zoey olhou à esquerda, onde havia outra entrada para outra sala. Conseguindo ordenar que seu corpo se movesse, ela olhou para Rune horrorizada sob a máscara que também olhou para o lado.

Zoey caminhou com os olhos fixos nas cabeças, quase tropeçando nos corpos. Vestindo roupas brancas e maculadas de sangue. Sangue pinga em suas belas rosas brancas. Ela soluçou e o medo serpenteou como um inseto em sua pele.

Ao entrar na outra sala mais escura, havia três pessoas com o pescoço e pulsos amarrados à uma corda pendendo do teto. E estavam vivas.

— Elas estão vivas... – sussurrou Rune ao lado dela.

Duas mulheres e um homem estavam pálidos, a pele do pescoço sendo esticada e as fibras... estavam rasgando a pele envolta da corda cheia de fiapos e arames pontudos. Mordaças estavam em suas bocas, lágrimas umedecendo os rostos carregados de dor e súplica.

— Me ajude com eles – disse Zoey, o corpo formigando, indo até as vítimas.

Badaladas ressoaram, longínquas. Zoey parou no meio do caminho. Sinos com sons pesados e graves badalavam como se houvesse uma igreja ou um relógio próximo da galeria, estremecendo os tímpanos de Zoey, provocando estrelinhas na visão. Três badaladas ecoam pelas ruas.

Zoey engoliu em seco, desviou o olhar para as pessoas, e tentou ignorar o som dos sinos, a frase da segunda carta. Rune se aproximou de uma das mulheres e se esticou ao máximo para alcançar a corda, segurando-a e recitando algo no qual desfez a fibra da corda em cinzas, libertando a mulher.

— Noir – Zoey invocou a adaga, abraçando a cintura do homem e o erguendo para amenizar a dor dele. Ele soltou um choramingo.

Zoey se esticou e rompeu a corda, sentindo o peso do homem e deixando o cair, cambaleando para trás. Rune já havia libertado a outra mulher.

Retirando as mordaças, o trio começou a chorar; a mulher de cabelos castanhos escuros presos num coque desmaiou nos braços de Rune.

— O que aconteceu com vocês? – perguntou Zoey com urgência. – Quem fez isso?

O homem e a outra mulher choraram mais alto, cobrindo o rosto com as mãos. Zoey sentiu um aperto no coração. Não parecia um bom momento para fazer perguntas.

— Vamos tirá-los daqui, Ne. – disse Zoey, jogando o braço do homem em seus ombros e o levantando, arquejando. Ela olhou para Rune que estava ainda assustada. Se ela dissesse o nome da garota, o plano todo de serem discretas iam ao ralo.

A menina assentiu e fez o mesmo, erguendo a mulher, mas o barulho de estalos de ossos fez o corpo de Zoey paralisar no mesmo instante. O mundo ficou em silêncio e tudo parou.

Entrando na sala, uma forma esguia e muito alta surgiu, usando smoking preto, a cabeça da criatura pálida como mármore, exibindo um sorriso desenhado de sangue e pálpebras costuradas, mãos enormes ossudas e afiadas.

O homem e a mulher soltaram um berro esganiçado, soltando-se de Zoey e Rune, dando passos trôpegos para trás até caírem no chão. O monstro ergueu o braço fino como osso e esticou os dedos e a palma, gesticulando para desferir um golpe.

Flower boys, thorn girls #1 [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora