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                — Vai com calma, Zoey! – pediu Rune com um choramingo, a garota abraçando Zoey por trás no pescoço. Ela pensou que seria enforcada.

Zoey estava pedalando o mais rápido que podia, o vento uivando em seus ouvidos, o cabelo chicoteando no rosto, as coxas ardendo por estar indo muito depressa. O coração estava ao encalço de cada pedalada, trotando como cavalos, retumbando no peito.

Ela não fazia ideia do que Kalhy poderia ter descoberto sobre quem copiara sua caligrafia, mas uma coisa era certa: as cartas eram um aviso. E, o remetente sendo bom ou ruim, estava lhe dando a chance de salvar os alvos.

Ao chegar no final da Rue Fraser, virando a esquina, o pneu cantou, derrapando no asfalto, arrancando um gritinho de pavor de Rune e Zoey deu risadas.

— Pare de rir! – a menina deu um tapinha em seu ombro, ainda agarrada ao pescoço.

— Ei, Zoey! – uma voz familiar masculina gritou o nome dela, fazendo-a frear bruscamente; outro grito de Rune.

Ao virar a bicicleta, Zoey avistou Noah. O irmão estava do lado oposto, a mochila nas costas e outra bolsa na lateral do corpo com alguns materiais para fora, a testa franzida pelos raios de sol no rosto.

Zoey congelou.

— Aonde você está indo? – ele perguntou num outro grito.

Zoey trincou os dentes, os dedos pressionando firmes nas manoplas. O que ela diria? Que estava indo a uma loja mágica? Alguma coisa entalou em sua garganta e ela ficou encarando Noah com os olhos parcialmente arregalados. Merda, merda, merda!

— Estamos indo numa sorveteria que inaugurou há pouco tempo! – respondeu Rune. – Não vamos demorar muito!

Noah formou uma careta e o olhar desceu para Zoey. Ele era como um detector de mentiras e, mesmo daquela distancia, ela sabia que podia sentir o cheiro do blefe.

— Você sabe que eu gosto de sorvete! Principalmente o de morango com pedaços de chocolate! – ela conseguiu dizer, arquejando, recuperando o folego.

O irmão ficou em silêncio, olhou para Rune e depois para Zoey.

— Não demore! – disse ele por fim, virando e dando partida com a bicicleta.

Zoey soltou um suspiro de alivio.

— Quem é? – indagou Rune.

— Detector de mentiras humano. Mais conhecido como meu irmão. – Zoey manobrou a bicicleta e voltou ao trajeto.

Ambas chegaram em cinco minutos à loja de Kalhy, abrindo a porta num estrondo. Yiriz paralisou alarmado flutuante em cima do balcão, Kalhy erguendo os olhos com pesar em direção a elas atrás do balcão, nenhum cliente a vista. Ótimo.

— Se minha porta quebrar, você ficará sem receber o dinheiro das recompensas por um mês, menina – murmurou Kalhy, balançando a cabeça. Zoey fechou a porta atrás de si, ofegando.

— Kalhy, você conseguiu descobrir alguma coisa sobre a caligrafia da carta? – perguntou Rune, caminhando até o balcão. Zoey agradeceu por ela ter feito a pergunta primeiro. O coração parecia que sairia do peito e ela estava tentando recuperar o folego, aproximando-se de Kalhy com os pés se arrastando, recostando a testa na madeira. O cansaço de pedalar tanto se misturou com a luta na galeria, quase fazendo suas pernas cederem.

— Ah, sobre a carta – ecoou Kalhy, erguendo o papel que estava em suas mãos. Zoey se alarmou. – Estava dando uma última olhada.

— E...? – ela indagou, a ansiedade borbulhando no peito.

Flower boys, thorn girls #1 [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora