— Não precisa me contar se não quiser – declarou Lucca enquanto eles caminhavam em direção à saída do colégio.
Zoey mordeu o interior da bochecha. Desde que saíram do último andar, seus pensamentos misturavam-se e embaralhavam-se uns com os outros e não chegavam a lugar algum. Ela estava tentando separar o que dizer de fato a Lucca, o alarme do cérebro sempre dizendo: ele é um Caçador! E da Ordem!
No entanto, ela queria contar a ele. Muito. De verdade. Embora houvesse um silêncio entre ambos, não era algo constrangedor ou inquietante. Lucca era a quietude e a mente de Zoey era o barulho. E ela estava tentando se acalmar.
Você possui magia. Você possui magia.
Eu possuo magia.
— Se está preocupada com Kira – começou ele, soltando um suspiro cansado, afagando a nuca – Desde que começamos nossas suspeitas em Nea e Misha eu não contei nada a ela ainda.
Zoey olhou para ele. Por mais que as suspeitas não fossem cem por cento concretas e nenhuma prova tão real assim, ela esperou que o rapaz contasse algo à General.
— Você não havia dito que ela ficaria... Sei lá, furiosa se não contasse nada do que descobrimos? – indagou ela, sacudindo as mãos enquanto o pó do cristal se fragmentava e soltava-se dela.
— Kira gosta de coisas sólidas, algo racional e não simples suspeitas – disse ele – Nem mesmo contei que Nea possuí a Maldição. E eu disse a ela que só relataria quando tivéssemos certeza de tudo.
— Você tem medo de, tipo, ela... – Zoey gesticulou com as mãos como se fossem facas afiadas cortando algo.
Lucca sorriu de lado e balançou a cabeça.
— Não tenho medo dela – disse – Embora assuste a maioria das pessoas. Mas às vezes as paredes da Ordem têm ouvidos e escutam muito bem. Há certas coisas que não podemos comentar lá.
Zoey, você precisa tomar cuidado agora. A voz de Kalhy sussurrou em sua mente. Se até mesmo Lucca estava dizendo aquilo... Talvez ela pudesse contar sobre sua magia. Sobre o que o clube havia encontrado a tal coisa. Talvez aquilo ajudasse na investigação, talvez flores ou galhos nascessem delas. Talvez, talvez, talvez. Zoey estava farta do talvez, do e se. Mesmo que Lucca em algum momento contasse à Kira sobre sua magia, ela era capaz de se defender.
E ela não teria medo de enfrentar os problemas que viriam. Ou às ameaças da General.
— Não sei como, mas aquelas garotas possuem Cristais Condutores – Zoey começou vagarosamente, aguardando alguma reação de Lucca. Ele se manteve inexpressível. – E, segundo elas, descobriram que mais alguém dessa escola possui magia. Por isso me chamaram.
— Houve um procedimento para saber se você possui? – ele perguntou, chegando ao térreo. – Por exemplo, aproximaram algum cristal ou metal de você ou...
— Kahi, uma das garotas, tinha uma pedra da lua que pulsava. – Zoey franziu a testa, sentindo um calafrio – Mesmo dizendo que eu não possuía magia, pediu para que espalhasse pó do cristal em mim. Eu permiti para provar que não tinha, mas...
— Você a possui. – declarou Lucca.
Zoey acenou, receosa e... irritada. Estupidamente irritada pelas palavras saírem fáceis demais, sendo fácil dizer as coisas a ele. Ela formou uma careta em seguida.
— Nunca tentei saber se tinha ou não – Zoey piscou ao saírem da escola, os raios de sol ferindo sua visão. Ela abaixou o olhar, ambos seguindo o caminho até as bicicletas. – E sempre pensei que... houvesse algo que pudéssemos sentir quando a magia estivesse dentro de nossos corpos. E nunca senti nada.
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Flower boys, thorn girls #1 [EM REVISÃO]
Fantasy- - - ESTE LIVRO ESTÁ REGISTRADO NA BIBLIOTECA NACIONAL. PLÁGIO É CRIME.- - - Tudo o que ela lutou para manter em sigilo foi para o espaço. Zoey é uma Caçadora de Recompensas. Porém, uma Caçadora ILEGAL. Em uma Terra...