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        — Você já ouviu falar do mito de Pandora, certo? – perguntou Kira num tom suave. Zoey olhou para cima, tentando recordar de alguma coisa em suas memórias. Ah, sim, sim. Ela assentiu com a cabeça. – A Maldição de Pandora é quase... semelhante ao do mito. Ocorreu de fato que essa mulher abriu uma caixa que libertou todos os males para o mundo.

— Então esses olhos carmesins estão baseados em um mito? – Zoey disse com descrença. Ela adorava mitos e tudo mais, mas eram histórias. Não eram... reais. – Está falando sério?

— Parte do mito é verdadeiro, parte não é. – prosseguiu Kira, como se a ignorasse. – A humanidade foi criada a partir de três deuses, Velze, Aone e Vituna. E vendo que sua criação não conseguia vencer certas criaturas de A Fenda, eles escolheram quatro mulheres nas quais receberam força e sabedoria o suficiente para lutar contra as criaturas, protegendo a humanidade delas.

Zoey arregalou os olhos. Ela simplesmente não conseguia disfarçar seu encanto por mitos embora alguns fossem sinistros demais... Mas, ainda assim, mitos!

Ela se sentiu sendo observada. Lucca a olhava com um sorrisinho entretido do deslumbramento dela; Zoey fechou a cara.

— E onde os olhos carmesins entram na história? – perguntou ela, desviando o olhar para Kira.

— Uma dessas quatro mulheres escolhidas era Pandora. – Continuou, os olhos da General tornando-se carmesins só pela menção do nome. Zoey sentiu o coração acelerar. – Ela lutou ao lado de Cardia, Morrighan e Akasha, as outras três escolhidas. Contudo, ao passar dos anos... Sentimentos obscuros foram despertos nela. Isso ocorreu pois os três Deuses ordenaram a elas que protegessem uma caixa na qual continha algo tão maléfico e perigoso no qual não podia ser aberto.

Zoey abriu a boca para falar, mas Kira a silenciou no mesmo instante.

Por que os Deuses deixaram aquela caixa? Era para testar lealdade dos homens para com eles. – disse Kira, os olhos agora castanhos. – Porém, Pandora não resistiu à própria curiosidade e abriu a caixa, libertando algo que a humanidade desconhecia, além de monstros mais horrendos do que aqueles que escapavam de A Fenda. Cardia, Akasha e Morrighan clamaram aos deuses por ajuda, mas eles disseram que os humanos traíram a confiança e que teriam que lidar com os erros cometidos.

Zoey raciocinou um pouco, processando a informação. Se a humanidade já existia há milhares de anos...

— Então... os monstros que lutamos hoje... – ela semicerrou os olhos, fitando o chão. - Eles não passaram a existir há 10 anos?

Kira não disse nada, mantendo-se séria.

— Cardia, Pandora, Morrighan e Akasha lutaram contra os monstros ao lado dos homens por um longo tempo, mas após a traição de Pandora, a humanidade deixou que elas lutassem contra as criaturas e se responsabilizassem por elas. – A mulher suspirou por um momento com pesar – Os humanos se revoltaram contra Pandora, acusando-a de ter "trazido o inferno para a terra abençoada pelos deuses" e queimaram-na viva diante dos olhos de Morrighan, Akasha e Cardia.

Pensamentos tropeçaram uns nos outros na cabeça de Zoey. Ela queria chegar a uma conclusão sozinha, lembrando-se quando seus pais a levava aos médicos, questionando-os de sua anomalia, querendo respostas... E nunca tiveram.

— Antes que morresse, Pandora rogou uma maldição às três. – disse Kira, os olhos fitando o nada, como se ela tivesse presenciado a situação e estivesse percorrendo a sua frente. – Dissera que ela morreria em cinzas, mas que Cardia, Akasha e Morrighan não dormiriam em paz. Ela as amaldiçoou e, quando tivessem descendentes, toda a sua linhagem seria considerada monstros pelos humanos, possuindo a cor carmesim, a cor da maldição. Todos aqueles que carregassem aqueles olhos sentiriam o fardo da humilhação e horror do povo.

Flower boys, thorn girls #1 [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora