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        Zoey se apressou para chegar até a cafeteria e, ao se aproximar dela, tentou ao máximo em não parecer que viera correndo como uma desesperada – como se esquecesse que tinha que visita-los depois da escola.

Zoey respirou cinco vezes antes de entrar na cafeteria. Enquanto recuperava o fôlego, ela observou atenta à rua comercial. As pessoas estavam caminhando mais rapidamente por entre as lojas e pequenos restaurantes, sempre prestando atenção aos lugares mais minúsculos e escuros, onde qualquer monstro poderia estar espreitando. O sol estava se pondo, os raios alaranjados refletindo sobre a entrada da cafeteria composta por janelas, dois passarinhos namorando sobre um hidrante vermelho desbotado.

Com os batimentos controlados, Zoey conferiu suas roupas. Nada de furos na blusa e calça. Sempre quando ela entrava em fúria, o sangue subia assim como os galhos, nunca furando suas calças. Se aquilo era sorte, Zoey não sabia; mas era pura conveniência.

Ela abriu a porta e entrou na cafeteria, sendo recebida por aromas de café e bolinhos. O ambiente estava aquecido e iluminado por lâmpadas pretas que pendiam altas do teto, mesinhas e cadeiras de madeira polida dispostas uma ao lado da outra e clientes sentados nelas, o balcão do outro lado com diversos doces nas vitrines... Zoey inspirou aquele ar agradável e doce, abrindo um sorriso.

Ela caminhou até um banco alto vazio diante do balcão, apreciando cupcakes e... rosquinhas! Pela cafeteria! Zoey sentiu o estômago roncar alto. Se ela pudesse pegar uma...

Bienvenue à Saint Henri, Mademoiselle. – A voz familiar de seu pai, carregada de uma mistura de sotaque francês, chamou a atenção de Zoey, fazendo-a erguer a cabeça. Ele estava atrás do balcão trajando o uniforme branco e marrom da cafeteria, sorrindo. – Bonito, não? Precisamos falar em francês aqui.

— Se eu não soubesse, diria que você é francês. – Zoey sorriu de volta, debruçando os cotovelos sobre o balcão. – Como está indo o trabalho?

— Estamos com bastante movimento – disse Matthew, secando uma xícara branca de porcelana ornado em dourado. – Embora hoje seja o nosso primeiro dia.

— É bom ter movimento – Zoey examinou o espaço. As pessoas conversavam, digitavam em computadores, escreviam em cadernos, liam, os funcionários entregavam os pedidos aos clientes. E uma delas estava sua mãe que, quando se inclinou para pegar uma bandeja com pratos e canecas vazias e ergueu-se, avistou Zoey, abrindo um largo sorriso.

— Zoey! – Nina exclamou, atraindo alguns olhares alarmados, dando passos corridos até ela. – Você veio, filha.

— Claro que eu vim – Zoey sorriu, presunçosa.

— E demorou – Nina franziu a testa, colocando a bandeja no balcão. Matthew puxou para si e levou consigo. – Está tarde e você não sai nesse horário. Aconteceu alguma coisa?

Ela trincou os dentes e lançou o melhor sorriso orgulhoso que conseguiu e disse:

— A vida de uma pessoa é se aventurar nas ruas de uma nova cidade.

— Se aventurar antes do Toque de Recolher, você quis dizer. – A mãe estava com uma das mãos na cintura e um olhar incisivo. Zoey precisou reunir todas as forças para não encará-la de volta. – Há monstros pela cidade, Zoey. Por mais que tenha vários Caçadores e a polícia rondando nas ruas, ainda estamos à deriva dessas criaturas. Elas são espertas.

Zoey lembrou-se de Blake, de como seu disfarce de modelo inglês bonito funcionava com as vítimas.

— Provavelmente Noah não virá; vai ficar muito tarde – Nina se moveu rápido para outra mesa e voltou no mesmo instante. – Então volte para casa e, se seu irmão não estiver lá ainda, ative o sistema de segurança.

Flower boys, thorn girls #1 [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora