— Ah... – gemeu a rainha com deleite, seu suspiro entredentes ecoando pelo salão. Ele franziu a testa para a carta de baralho, um coringa, quando ela o fez. De todos os sons, esse era o que ele mais odiava. Arrepiava sua nuca de um jeito estranho. – Vocês escutaram isso? Essa música?
— Não foi uma música, Vossa Majestade – retrucou ele recostado numa pilastra de mármore fria. Seus olhos desviaram para a banheira enorme e redonda como uma piscina. Ele havia notado quando aquele som chegou até eles, reverberando pelas vidraças, pelos litros de sangue, pelo seu peito. – Foi vidro quebrando. Um vidro grande demais.
A rainha lambeu os dedos de sangue, a metade do corpo imerso nele. Ele tentou não ficar olhando, além do cheiro metálico começar a ficar repugnante.
— É como música aos meus ouvidos – disse ela e ele sentiu que sorria ao falar.
— Então realmente começou. – disse Charles em outra pilastra, o queixo erguido, suas feições angulosas marcadas pelas sombras.
A rainha soltou um riso sombrio. Ele estremeceu. Sinceramente, de todos os sons...
— Ah, começou – a rainha passou os dedos sujos de sangue pelo corpo – Não sei se todos já acordaram. Quero descobri-los. Vocês já sabem o que fazer agora.
Charles bateu em continência, rumando até a imensa porta do salão, abrindo-a com um ruído pesado.
Ele olhou para a carta entre seus dedos por uma última vez. Ele a virou; o verso era um xadrez preto e roxo. Aquele jogo no qual o primeiro jogador começara, ele tinha certeza; nem só preto, nem só branco, mas vermelho.
Ele guardou a carta no bolso da calça e caminhou até o homem, abrindo um sorriso.
— Vamos chutar algumas bundas, Charles.
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Flower boys, thorn girls #1 [EM REVISÃO]
Fantasy- - - ESTE LIVRO ESTÁ REGISTRADO NA BIBLIOTECA NACIONAL. PLÁGIO É CRIME.- - - Tudo o que ela lutou para manter em sigilo foi para o espaço. Zoey é uma Caçadora de Recompensas. Porém, uma Caçadora ILEGAL. Em uma Terra...