Rune se assustou quando ruídos trespassaram o ar e as armaduras explodiram. Ela olhou para o lado; Lucca estava brandindo arco e flecha pretos, tão escuros como tinta, os olhos compenetrados, as flechas atingindo rapidamente as criaturas que avançavam contra eles.
O chão estremeceu ao lado dela, fazendo-a soltar um grito e pular para o lado. Uma das armaduras havia golpeado o chão com uma lança enorme e pesada, criando uma cratera profunda no chão, e a criatura já estava erguendo a arma para atacar de novo.
Mas o golpe era para ter acertado Rune.
Engolindo em seco e sentindo os dedos tremulando de nervosismo e medo, ela abaixou-se e bateu as palmas no chão, sentindo as marcas formigarem na pele e as levantou, fazendo com que o solo também se erguesse. Ela manipulou-o contra as armaduras que saltavam em direção a eles, como se fosse uma enorme cobra, partindo-os ao meio, arremessando-os para cima. Flechas voaram em direção às armaduras no ar e explosões preencheram o campo de visão de Rune.
A cada movimento com as mãos, invocando o solo para cima, manipulando a água que transformavam-se em lanças de gelo nas quais atravessavam as armaduras, Rune sentia seu coração querer sair do peito, ouvindo cada batida tão alta que doía as costelas, a respiração tremula e falha.
Eles precisavam tirar Zoey de lá de dentro. Aquela horda provavelmente era um desvio de atenção para que eles não a salvassem da rainha – uma rainha com mãos enormes como garras de um monstro. Se aquelas armaduras eram capazes de acionar o Alarme, por qualquer coisa divina que existia, a monarca poderia ter um poder maior do que aquelas criaturas.
Muito maior.
Rune desviou aos tropeços de duas armaduras que investiram contra ela usando lanças, o chão tremulando com seu corpo. Ela era péssima com golpes; mal sabia lutar. A única coisa que conseguia fazer era utilizar a alquimia e esquivar. Porcaria.
Ofegando, Rune se afastou ligeiramente da luta, tentando se recompor, o suor descendo pelas suas costas e testa, recostando no portão enorme atrás de si. Lucca alternava a maneira de como lutava; ora lançava flechas, ora golpeava com murros e chutes tão fortes cujos destruíam dolorosamente as armaduras que Rune arregalou os olhos, incrédula. A mesma força de Zoey, pensou ela, o peito subindo e descendo. E, ao observar a tensão no corpo dele, a seriedade gélida no rosto enquanto golpeava, parecia muito preocupado.
Rune trincou os dentes, a exaustão já consumindo seus ombros. Precisava aguentar um pouco mais e pensar em algo para tirar Zoey de dentro das muralhas. Ela sacou um isqueiro do bolso, a pequena chama alaranjada oscilando com o vento e então passou pela sua palma, acendendo a marca na pele. Guardou o isqueiro depressa e estalou os dedos e lançou o fogo que gerou contra as armaduras, uma torrente poderosa e quente, consumindo as criaturas e derretendo-as.
As chamas crepitaram como uma cerca diante das armaduras que vinham, retardando seu avanço. Porém, Lucca continuou lançando as flechas numa velocidade assustadora. Ele era bom demais naquilo.
Rune inspirou e expirou o ar com um ruído, as têmporas latejando. Precisavam fazer alguma coisa. Precisavam salvar Zoey. Não poderiam continuar lutando com aquelas armaduras e deixa-la lá dentro.
Ela virou o rosto, observando a extensão daquela parede. Deveria haver uma maneira de entrar ou sair, mesmo que não fosse por aquele portão. Rune franziu a testa, secando o suor com o dorso quente da mão, afastando-se do portão, a imagem da peça da rainha entrando em seu campo de visão. A coroa era pontuda demais para que não pudesse entrar no que havia ali dentro... Então não havia um telhado naquelas paredes. Uma caixa aberta.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Flower boys, thorn girls #1 [EM REVISÃO]
Fantasy- - - ESTE LIVRO ESTÁ REGISTRADO NA BIBLIOTECA NACIONAL. PLÁGIO É CRIME.- - - Tudo o que ela lutou para manter em sigilo foi para o espaço. Zoey é uma Caçadora de Recompensas. Porém, uma Caçadora ILEGAL. Em uma Terra...