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O carro voou para o lado, a ventania cortante assobiando nos ouvidos de Kahi enquanto ela soltava um grito e se agarrava com as duas mãos na barra de ferro, e sentiu o impacto do veículo contra alguma coisa dura, sacudindo violentamente até parar.

A cabeça de Kahi girou junto ao estômago e ela cobriu a boca com as mãos, se soltando da barra, reprimindo a vontade de vomitar. O quê, pelos deuses, havia acontecido...

— Kahi, você está bem? – perguntou Scarlet, o tom preocupado.

Kahi conseguiu abrir os olhos, a visão turva normalizando-se à medida que ela identificava o rosto diante de si, de Scarlet. Franzindo a testa assentiu em positivo e olhou para o que havia atingindo o carro. A parte lateral da caçamba estava amassada e elas estavam do outro lado da rua. Atrás de Kahi havia uma parede na qual o veículo atingiu com força.

— Uma porcaria de monstro atingiu o carro – informou Scarlet, abrindo a janelinha. Kahi engatinhou até o outro lado da caçamba e no chão jazia um ogro com duas cabeças de leão, o sangue verde e negro escorrendo de perfurações na perna e no centro do abdômen, morto. – Brooke? Lisa?

— A droga do carro não está ligando – resmungou Brooke de dentro. Kahi soltou um suspiro de alivio ao ouvir a voz dela. Estava tudo bem.

— Que merda, Brooke – murmurou Scarlet. Kahi olhou para dentro do carro, avistando Lisa com um olhar assustado procurando algo pela rua, agarrada à mala com o cristal.

Brooke soltou um palavrão.

— O que foi? – indagou Kahi. O que Lisa estava procurando?

— A gasolina acabou.

— Está de brincadeira – replicou Scarlet, chocada.

Lisa abriu a porta do carro, puxando a mala consigo e saindo. Kahi ergueu a cabeça, ficando de pé.

— O que você está fazendo, Lisa? – ela perguntou, sentindo os passos pesados retornarem, um rugido furioso retumbando pela rua vazia e banhada de vermelho.

Lisa olhou para os dois lados da rua extensa e depois para trás, onde o som das passadas vinham. Ela olhou para frente e correu. Kahi franziu o cenho. Para onde ela estava indo?

— Lisa! – gritou Scarlet.

Um passo estremeceu o chão. Kahi e Scarlet olharam para trás; o gigante estava se aproximando a alguns metros de distância. Droga.

— Vá atrás de Lisa enquanto eu atraso ele – demandou e pulou da caçamba, já sentindo as cartas por entre seus dedos de ambas as mãos.

Mais helicópteros sobrevoavam em torno do monstro como moscas. Embora ele soubesse a localização do cristal, precisava fazer alguma coisa para desviar a atenção dele.

Explosões ressoaram e Kahi lançou quatro cartas em direção a criatura, atingindo-o em ambos os braços e nos joelhos, levantando uma fumaça escura. Aproveitando a curta distração, ela escolheu uma carta quatro de Paus e a lançou quando o monstro ergueu a perna. A carta aumentou seu tamanho como uma hélice e atingiu o gigante, cortando-o em cheio. Ela comprimiu os lábios, pegando outra carta, sentindo a quantidade de magia diminuir de seu corpo, esperando a criatura se recompor.

No entanto, ao a perna cair pesada no chão, o monstro rugiu em dor, se apoiando no joelho esquerdo enquanto a perna perdida se moldava lentamente em sangue.

Kahi arregalou os olhos. Em seus ataques anteriores não havia obtido resultados bons, porém agora...

— Kahi! – gritou a voz de Brooke.

Flower boys, thorn girls #1 [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora