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        Zoey ficou imóvel.

O cheiro pútrido e horrendo não importava mais.

A visão dela ficou turva e cada fibra de sua pele formigava, o coração retumbou, bem devagar, o som da pulsação vindo por seus tímpanos, como se cascos de cavalos estivessem se aproximando.

Sua visão parecia tremer fitando aqueles corpos. Cabeças decepadas. Embora vários pontinhos brancos estivessem surgindo, Zoey viu; apenas as cabeças e as roupas estavam sujas de sangue. Os corpos... estavam desprovidos dele.

Ambas as mãos voaram em frente a boca, sufocando um grito de horror. O que diabos... Pelas estrelas... o que era aquilo...

O mundo pareceu voltar da obscuridade que entrara enquanto Zoey encarava aquela cena; o barulho dos tiros ainda ressoava pelas ruas e serpentearam para dentro de seus ouvidos, trazendo-a de volta à realidade.

Zoey forçou ao máximo para que as pernas se movessem, sentindo seu corpo estremecer como se água gelada tivesse sido jogada nela. Ela sentiu o oxigênio escapar dos pulmões, fazendo-a destampar a boca em busca de ar e o cheiro de carne podre encheu suas narinas novamente.

A bile subiu. Se ela não fugisse, se ela não escapasse dali, ela...

As vozes dos homens acima fizeram com que Zoey despertasse num choque e se virou, os olhos arregalados, subindo a inclinação e disparando em desespero para qualquer lado que levasse de volta a sua casa. Ela deu a volta pelo prédio, seguindo uma rua quase estreita e estaria silenciosa se não fosse pelo barulho tempestuoso da batalha da Ordem contra o monstro.

À medida que ela corria a bile subia. Seus olhos ardiam em lágrimas. O que ela aquilo? Como aquilo... Quem fez aquilo?

Zoey virou duas esquinas, avistando sua casa. O barulho ficou para trás como uma lembrança, e ela subiu as escadas de emergência até a janela, os dedos tão trêmulos que ela quase escorregou e caiu. Zoey correu até o quarto e se jogou na cama, se encolhendo, cobrindo a boca.

O que havia acontecido ali? Por que haviam pessoas mortas... com as cabeças decepadas? A cena repassava como um filme de horror diante dos olhos de Zoey, o coração martelando contra as costelas doloridas.

Zoey começou a soluçar e as lágrimas vieram, escorrendo quentes no rosto. A mente girava, deixando-a tonta. Por que? Por que?

— Zoey, eu escutei um barulho e... – A voz de Noah assustou Zoey, fazendo-a a se encolher contra a parede. Ela olhou em direção ao irmão, parado na metade da porta, fitando a com os olhos arregalados.

Noah correu até ela e sentou-se diante dela, segurando-a nos braços. Zoey fechou os olhos, sentindo uma pontada forte no peito como se alguém o espremesse, e comprimiu um grunhindo de dor. Por que, por que, por que?

— O que houve, Zoey? – a voz de Noah era urgente e Zoey soluçou, a garganta fechando. Estavam mortos, ela queria dizer, mas não conseguia.

Os braços de Noah a rodearam num abraço quente, trazendo-a para mais perto. Zoey sentiu os galhos pinicarem sob a pele e elas saíram, crescendo lentamente, enroscando-se nos braços, nos dedos das mãos.

— Está tudo bem – disse Noah suavemente, acariciando seus cabelos.

Zoey tentou respirar mais devagar, o gosto salgado das lágrimas na língua. A barriga doía de tanto soluçar. Ela viu outra vez as pessoas mortas, as cabeças que os rostos ela não conseguia enxergar, apenas um borrão negro e indistinto. Por que, por que? Por que elas estavam lá?

Flower boys, thorn girls #1 [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora