— Após o ataque do dia anterior, Quebec entrou em estado de atenção – dizia a mulher do noticiário na televisão – Os locais onde foram destruídos estão sendo reconstruídos e todos estão de luto pelas 502 mortes causadas pelas criaturas que surgiram durante o ataque, causando o acionamento do Alarme de Emergência Máxima.
Zoey não ousou olhar para a televisão enquanto enrolava uma faixa extensa de gaze na mão.
O final do dia anterior passou rápido e caminhara tão naturalmente como se não tivesse ocorrido nada, como se não tivessem sido atacados. As famílias de todo o bairro foram atendidas pelos médicos a procura de ferimentos e hematomas e, pelo o que as pessoas chamaria de sorte, ninguém da família de Zoey fora ferido.
Exceto por ela, claro.
O médico que cuidou deles enquanto o caos era apaziguado do lado de fora das ambulâncias e vans da Ordem, ela fora questionada pelas lesões no corpo: o hematoma gigantesco na barriga, o corte na palma da mão. Tivera que, como todas as horrorosas vezes, fingir – mentir - que caíra de algum lugar ou fora acidentalmente atacada por um monstro, mas que Caçadores a protegeu.
Mentira, mentira, mentira.
Contudo, não houveram mais perguntas após isso. O choque do ataque fora suficiente para deixar todos atordoados e longe de interrogatórios desnecessários.
— Com o decreto do Governo – prosseguiu a mulher – As escolas terão suas aulas suspensas por uma semana. As lojas funcionarão somente até as quatorze horas e os habitantes da cidade serão convocados na ajuda das famílias que perderam suas casas.
Zoey deu uma olhadela na televisão. Imagens de locais que foram arruinados passavam na tela; prédios, casas e famílias. Todas elas tiradas por criaturas que surgiram do nada, sem explicação alguma.
— Vamos ajudar no que for preciso – demandou Nina ao levantar do sofá, levando a caneca à pia – Agradecemos pela nossa casa não ter sido destruída e pelas pessoas que sobreviveram.
Zoey voltou a gaze. Quando as ambulâncias foram embora, tivera que contar onde estava durante o ataque. Ela contou a metade da verdade – estivera na escola para conversar com colegas e aí surgiu aquelas armaduras - e, é claro, não contara que lutara contra elas. Seus pais ficaram aliviados por haver um Caçador mantendo a segurança do colégio, mas Zoey percebeu o olhar duvidoso de Noah, o irmão quieto. Aquele tipo de olhar só fazia ela se sentir pior do que já estava.
— Tem certeza que você irá até lá, filha? – perguntou Nina ao se aproximar do apoiador da porta, pegando a bolsa.
— A absoluta certeza – disse Zoey colando um adesivo para prender a ponta da gaze e flexionou os dedos. O corte, embora tivesse aberto na luta, estava finalmente se fechando.
— Aquela área não foi tão afetada durante o ataque – disse Matthew ao se aproximar de Noah cujo arrumava sua mochila, o pai bagunçando o cabelo dele. - Mesmo assim, tome cuidado ao ir para lá. Você também, Noah.
Seus pais saíram primeiro, despedindo-se deles. Zoey abaixou para amarrar o cadarço, sentindo a barriga reclamar ligeiramente do hematoma na barriga, mas ela suprimiu a vontade de grunhir. Aquilo a fazia lembrar do causador, porém, aquilo também levava a outro fator: com quem estava quando quebrara o sujeito de faixas e este ter surgido no campo de futebol.
Lucca.
Zoey estivera pensando nele depois de ter absorvido tudo da luta. Ela estava errada. Havia sido arrogante ao proferir aquelas palavras, por ter reclamado quando ele a puxou, mantendo-a no lugar, como se ela fosse um navio e ele a âncora, Zoey querendo zarpar para um mar que a levaria para um lugar obscuro e sem volta.
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Flower boys, thorn girls #1 [EM REVISÃO]
Fantasia- - - ESTE LIVRO ESTÁ REGISTRADO NA BIBLIOTECA NACIONAL. PLÁGIO É CRIME.- - - Tudo o que ela lutou para manter em sigilo foi para o espaço. Zoey é uma Caçadora de Recompensas. Porém, uma Caçadora ILEGAL. Em uma Terra...