Fiel

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— Você sumiu ontem quando a padaria estava lotada! Fugiu pelos fundos que o André falou

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— Você sumiu ontem quando a padaria estava lotada! Fugiu pelos fundos que o André falou. Eu tive que ficar aqui que nem louco enquanto o André trabalhava no caixa. Você acha que vai conseguir alguma coisa na vida se continuar com essa sua irresponsabilidade? — Depois de um tempo, minha mente ficou entorpecida e eu apenas ouvia um zumbido no fundo. Estava ajeitando alguns produtos na prateleira, colocando os pães franceses no cesto. Meu pai acabou seu discurso sobre a responsabilidade e saiu em direção à cozinha, os ombros curvados.

Aprendi, depois de muita discussão, que é melhor deixar meu pai falar até se cansar.

Eu estava terminando de atender a uma senhora que todos os dias comprava as mesmas coisas, dois reais de pães e um sonho. Como um comercial que se repetia todos os dias no mesmo horário. Pelo canto do olho, eu notei quando André se ajeitou na cadeira atrás do caixa e começou a ajeitar o cabelo, sua postura se tornando ereta.

Olhei para ele e então para o motivo de sua mudança de estado. Miranda, a forasteira que a cidade inteira já colocava seus olhos curiosos e falava aos cochichos, estava entrando.

Ela parece que é de São Paulo, Soube que fugiu de casa, Parece que não bate muito bem da cabeça..., Disseram que a acharam no meio da estrada bêbada!

— Quero dois reais de pães — exigiu, cortando a fila. Começou a batucar os dedos no balcão, enquanto olhava ao redor, impaciente. Havia algumas pessoas na padaria olhando outros produtos. Estas, pararam o que estavam fazendo e começaram a olhar a nova cliente que aguardava seu pedido. Alguns começaram até a cochichar.

Ignorei o pedido de Miranda e perguntei a uma senhora que tinha chegado antes, o que ela desejava. Atendi mais duas pessoas, deixando a loira ainda mais impaciente, seus olhos caramelados olhando ao redor, os dedos cada vez mais ágeis no balcão, o barulho me irritando. E então a atendi.

Coloquei os pães bem devagar, apenas para provocá-la. Imprimi o preço e colei no plástico. Lhe passei a sacola com um sorriso falso no rosto. Eu não entendia, mas apenas sabia que estava irritada com ela. Não havia um motivo real, concreto. Pode ter sido por causa do Cadú que passou a noite em busca dela no Facebook da Lívia e das pessoas próximas da professora. Aquilo me deixou com um pouco de raiva. Ou quando ela cortou a fila e ninguém disse nada, e ficaram encarando ela como um bando de idiotas. Não, foi no exato momento que a vi. Eu já a odiava.

Ela nem é tão bonita assim, parem de encarar!

— Eu pedi três reais de pães. — Ela colocou três dedos na minha cara. — Você é surda?! — Eu a encarei, sem acreditar que ela se prestava àquilo. Estava visível que sua intenção era causar intriga.

— Não, você pediu dois reais, eu ouvi muito bem. — Lhe passei a sacola novamente. Eu tinha certeza que minha sobrancelha havia sumido embaixo da franja quando ela jogou a sacola em cima do balcão e começou a chamar um responsável. Meu irmão, como mágica, apareceu ao meu lado e falou com voz melosa para com Miranda, enquanto ajeitava os cabelos cumpridos.

MirandaOnde histórias criam vida. Descubra agora