Cachoeira das Pedras

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Era sábado e eu acordei cedo para ajudar na padaria

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Era sábado e eu acordei cedo para ajudar na padaria. Estava com a pele arroxeada em torno dos olhos e passei corretivo para mascará-las. Eu ficara diante do computador a noite inteira editando algumas imagens. Tinha dormido mais ou menos uma hora de relógio. Sempre aproveitava o final de semana para não perder o meu tempo na cama. Diferente da semana em que eu acordava às 6 horas e pegava carona com o Cadú para chegar às 7:30 na escola.

Olhei na direção do gato que havia confiscado a minha blusa. Ele tinha feito o número dois embaixo da cama naquela noite e feito xixi perto da porta. Eu o havia xingado e pensado em largá-lo de volta onde o encontrei. Mas ele era meu pretexto para Miranda vir aqui. Então coloquei mais leite para ele e saí do quarto.

Meu pai sempre acordava de madrugada para sovar a massa e colocar no forno. Tinha a ajuda de Túlio que era funcionário e amigo nas horas vagas; assistindo futebol na tela plana e tomando cerveja enquanto gritava mais meu pai no sofá xingando tudo e todos no jogo. Eu odiava as quarta-feiras e as tardes de domingo.

André saía de seu quarto quando me viu.

— O que a Mi veio fazer aqui ontem? Não sabia que eram amigas...

Eu também não sabia se poderia chamar Miranda de minha amiga, mas começava a querer que ela fosse. Que ela fosse apenas minha amiga?, me questionei olhando os olhos cor de mar do meu irmão.

— Achamos um gato na estrada e ela me ajudou a trazer.

— Tem um gato aqui? — Ele apontou o dedo para o chão enquanto arregalava os olhos. — O pai vai atirar ele pela janela — declarou calmamente.

— Não se ele não souber — sussurrei, mesmo sabendo que meu meu pai estava no térreo e não poderia me escutar. — Não quero ficar com esse gato para sempre. Quando Miranda for embora eu me livro dele. Não quero minhas roupas cheias de pelos.

Mas quando pensei em Miranda ir embora, me bateu uma certa tristeza.

E isso me assustou e me irritou ao mesmo tempo. Ela não iria ficar aqui para sempre e não éramos amigas para eu estar triste.. Eu nem gosto daquele jeito metido dela, disse para mim mesma em uma forma de me convencer.

— Então por que pegou o gato se sabia que não ia ficar? Foi por Miranda? — Ele me sondou, semicerrando os olhos.

— Ela tava com pena do bicho. Não podia ficar com ele e nem queria deixar o filhote na estrada. Eu disse que poderia ficar e... é só isso — esclareci, sentindo meu rosto esquentar. André havia ido fundo e acertado em cheio.

— Então diga a ela que estou ajudando a criar o bichano também. — Ele piscou para mim enquanto saía, seus cabelos dourados de sol balançando.

— Mi? — questionei enquanto seus sapatos butucavam os degraus escada abaixo.

Ela me disse que eu posso chamar ela assim — André gritou, em tom risonho.

Mi..., pensei, irritada.

MirandaOnde histórias criam vida. Descubra agora