O segredo de André

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No sábado acordei sentindo um gosto de papelão na boca. Ainda nem havia clareado direito o dia, o templo nublado e eu já me preparava para trabalhar. Eu havia programado o alarme para as duas da manhã. Dessa vez eu cumpriria o meu plano. Sorri, enquanto fazia um rabo de cavalo no cabelo. Estava meio oleoso, mas não sentia vontade de lavá-lo.

Depois de cumprir nosso turno na padaria, subimos e esperamos o almoço. André não parava de balançar a perna enquanto a gente assistia filme no Tele Cine.

— Para com isso! — Deti a perna dele com o pé. Eu esperava que ele batesse nela, já me preparando para ser agredida, mas ele apenas parou de tremer o sofá e inteiro e passou a roer as unhas. Não me disse nada também, olhando fixamente para a televisão, mas sem focar realmente.

Hoje descubro o que você tem...

Eu nem queria pensar sobre a festa e o que houve entre mim e Miranda. Eu sabia que ela estava mentindo ou escondendo alguma coisa.

 Algumas coisas..., relembrei a mim mesma.

Sentamos na mesa e fiquei surpresa ao ver que havia carne de panela e arroz acompanhado de purê de batatas. Era o prato preferido de André, mas ele apenas mexia a comida com o garfo, já eu, estava comendo como se não houvesse amanhã, mal conseguia mastigar direito de tão cheia a boca.

— Pai — ouvi a voz rouca de meu irmão e olhei na direção dele. Ele engoliu em seco, levantando o olhar para o pai. — Eu preciso falar com vocês — avisou, desviando os olhos também para mim. Eu comecei a mastigar rápido, para tentar engolir.

Meu pai continuou seu almoço calmamente. Eu imaginava que André iria avisar que conseguiu alguma bolsa em uma faculdade distante. E talvez esse fosse o motivo de sua inquietação.

— Pode falar — seu Vítor incentivou, depois que meu irmão ficou quieto nos olhando sem nada dizer enquanto apertava o garfo. Ele engoliu em seco novamente.

— Eu vou ser pai.

Houve um momento de silêncio. Uma calmaria antes da explosão.

Depois desse breve momento meu pai começou a engasgar, tossindo enquanto pegava um copo com água. Me levantei e fiquei batendo em suas costas, mesmo que meu racional dissesse que aquilo não ajudaria em nada. Olhei para André e ele assistia a cena com olhos arregalados enquanto segurava o tampo da mesa, seus dedos ficando brancos.

— O que você disse? — nosso pai perguntou, quando finalmente se recuperou. — Acho que ouvi dizer que ia ser pai. — Arreganhou a boca, em um sorriso nervoso.

— Martha está grávida. E eu sou o pai.

Dessa vez fui eu a engasgar. Batendo no peito, os olhos se enchendo de lágrimas, mas encarando meu irmão.

— Você engravidou a Martha?! — O acusei após me recuperar. Então a ficha caiu. Miranda estava contando a verdade. Por isso ele estava na casa dela naquele dia. Oh Deus! Eu ia ser titia. — Eu vou ser titia? — Sorri para ele. André me olhou e tentou formar um sorriso, mas meu pai se levantou da mesa, me empurrando.

MirandaOnde histórias criam vida. Descubra agora