Imposição #28

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Encarei-me no espelho. Meu cabelo estava pior do que eu imaginara. As luzes nas pontas estavam ressecadas e o cumprimento frizado. Fiz um coque para controlar a juba. Quando eu voltei para a cozinha, Miranda já havia picado as cebolas e os tomates.

— Não gosto de pimentão — declarou. Eu ergui os braços em um gesto de paz. Não tinha nenhum problema com temperos ou verduras. Comia tudo. — E nem de coentro — jogou as hortaliças de lado. Revirei os olhos para sua atitude infantil.

— Algo mais? — indaguei e ela coçou os olhos, pensando.

— Caramba!!! — urrou, fechando os olhos já lacrimejantes. Agora ela sabia que não poderia cortar temperos e depois passar o dedo nos olhos. O lápis havia escorrido e ela tinha uma careta engraçada no rosto.

— Deixa isso comigo, vai lavar o rosto. Você sabe onde fica o banheiro... — tirei ela de trás do balcão e a guiei até o corredor com minhas mãos em seus ombros. Miranda estava com os olhos semi-abertos e avermelhados. O rímel já totalmente borrado. Gemeu e seguiu para o banheiro.

Terminei de cortar as pimentas de cheiro e mais tomates e coloquei o massa na água fervente.

— Posso tomar um banho? — gritou do corredor. Eu não sabia o que responder. Fiquei segurando a faca. O que ela tomar um banho em minha casa significaria? O que isso poderia acarretar? — Alexia, posso tomar um banho? — repetiu mais alto, mas eu não sabia ainda o que dizer. Levei um susto quando ela apareceu na cozinha.

— Ah — soltei o ar, então sacudi a cabeça —, vou pegar uma toalha —, coloquei a faca no balcão.

Segui para o meu quarto e peguei uma toalha rosa no guarda roupa. Eu não queria aquilo. Ou queria? Por que ela simplesmente não ia embora? Afinal o que ela queria de mim? 

Miranda iria me esmagar, destroçar meu coração. 

Segui em direção ao banheiro, carregando a toalha e pensando na minha destruição. Estaquei na porta ao vê-la. Ela tinha tirado totalmente a roupa e se analisava no espelho. Os cabelos soltos e cumpridos cobriam suas costas e parte dos seios empinados. Miranda era esguia, magra. Suas costelas eram aparentes, os quadris estreitos e a bunda pequena e arrebitada. A pele era linda, macia. Se virou naturalmente para mim e pegou a toalha da minha mão mostrando uma triangulo bem aparado de pelos escuros na virilha. Pendurou o tecido no gancho e abriu o boxe, ligando o chuveiro. Me olhou enquanto sentia a água aquecer nas mãos. Sorriu de lado, charmosamente e entendi o que ela estava tentando fazer. Queria me seduzir... Fechei a porta com um pouco de força demais e voltei para a cozinha.

Quando ela saiu do banheiro enrolada na toalha e com os cabelos escuros e pingando, eu já havia terminado de fazer a janta. Me olhou normalmente, já eu me sentia mortificada por tê-la visto daquele jeito. Eu precisava de umas aulas com ela sobre como-se-sentir-segura-o-tempo-todo. Eu não conseguia mais olhá-la do mesmo jeito.

— Nossa, estou morrendo de fome. Isso parece bom — ela admirou o molho. Eu não conseguia agir naturalmente. Estava me sentindo rígida, olhando-a com outros olhos. Ela colocou um pouco de molho na mão e o lambeu descaradamente. Sua língua rosada com uma joia prateada aparecendo. Aquele piercing tinha deixado ela ainda mais sexy.

— Eu levo para a mesa — peguei a panela e depositei na pequena mesa de vidro. Eu não queria que ela fizesse aquilo com a língua de novo. Miranda pegou dois pratos que estavam no escorredor e colocou perto da panela. Depois que arrumamos a mesa, ela se sentou, apenas com a toalha rosa cobrindo o corpo. A mesa era de vidro e ela nem ao menos juntou as pernas.

— Quer refrigerante? — tentei agir normalmente enquanto ia em direção à geladeira.

— Água — ruminou com a boca cheia de massa. Servi água para ela e refrigerante para mim, eu não era assim tão resistente. Enquanto tivesse refrigerante na geladeira eu estava tomando. Vai ser apenas um copo, prometi a mim mesma.

Eu estava faminta, mas Miranda me distraiu durante toda a refeição. Vez ou outra ela abria uma aba da toalha e a colocava de volta, pressionando os peitos, gemia ao colocar garfadas na boca e agitava os cabelos úmidos.

— O que tá tentando fazer? — indaguei após ela "ajeitar" a toalha novamente.

— O quê? — murmurou inocentemente.

— Tá tentando me seduzir? — fui direta, aquele joguinho dela estava me cansando.

— Tô conseguindo? — me olhou sonsamente.

— Miranda não vai ser assim que a gente vai poder dar certo. Não é indo para a cama que as coisas vão se resolver. Eu preciso de tempo para pensar. E de espaço também. Se ficar me pressionando desse jeito... — deixei a frase morrer no ar, o que fez Miranda empalidecer. Pela primeira vez eu havia causado uma reação nela. Eu vi o medo perpassar seus olhos. Eu senti, finalmente, um reflexo nela do que ela causou — e causava — em mim. Eu estava disponível demais para Miranda. Era hora de colocar limites. Era gora de me impor.

— Depois que a gente terminar aqui, você precisa ir embora. Eu tenho o seu número e te ligo mais tarde — falei e voltei a comer, Miranda no entanto pareceu ter perdido o apetite. Não me disse nada, parecia sem graça.

Depois ela foi se trocar e eu lavei os pratos. Ao contrário de mim, os cabelos dela secavam lindamente. Uma ondulação que a deixava mais selvagem, sexy. Eu parecia a Maria Betânia.

— Eu já estou indo, você me liga depois... — ela segurava sua jaqueta jeans, desconfortável.

— Ligo sim, pode deixar — respondi friamente. Miranda caminhou na minha direção e meu coração martelou no peito, as mãos suaram . Todo o meu disfarce veio abaixo. Ela colocou as palmas macias no meu pescoço, me olhou nos olhos e parecia pedir permissão com o olhar. Não foi mais como os ataques que fizemos antes. Quando ela se inclinou para mim, eu virei o rosto e ela me beijou na bochecha. Senti seus lábios quentes e úmidos contra a minha pele. Ela ficou corada com a minha recusa. Eu olhei sua boca carnuda, os dentes tortos os olhos caramelados. Ela me olhou detalhadamente também. Depois assentiu para mim e saiu.

Após ela partir, liguei para Cadú, mas deu caixa. Ouvi Luana chegar um tempo depois e escutei a voz de um menino, mas me mantive no quarto, isolada.

Chegou a hora de Alexia se dar valor, ne non?

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MirandaOnde histórias criam vida. Descubra agora