À fogueira

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A gente havia estendido as toalhas de banho no chão e se deitado

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A gente havia estendido as toalhas de banho no chão e se deitado. No celular de Suzana, tocava uma musica de Nando Reis. Estávamos cantando ela baixinho, olhando pras estrelas recém saídas no céu, apenas curtindo aquele momento de silêncio, mansidão, quando Miranda soltou a voz e começou a bater palmas no ritmo da música. Eu, Suzana e Cadú ficamos tão surpresos que congelamos. Mas este, começou a bater palmas também e igualar a altura da voz com a dela. Eu ri, achando graça, mas também entrando na festa. Suzana começou a cantar também, enquanto se sentava, sua voz aguda se misturando às nossas.

— Vamos dançar! — Miranda propôs, já ficando de pé. Cadú se levantou, pegando na mão dela. Os dois começaram a dançar rápidos, perto da fogueira, descalços.

— Vamos? — Suzana me olhou e se levantou, enquanto me estendia a mão e deixava o celular em cima de sua toalha. Eu acabei aceitando e levantando também, pegando sua mão delicada de unhas rubras.

Eu tinha dois pés esquerdos e acabei pisando nos pequenos pés da minha parceira. Sorte estarmos todos descalços. Quando Nando Reis acabou, Suzana me largou e foi na direção de Cadú, parecendo louca para se livrar de mim, eu ri, suada.

— Agora é minha vez com você, Cadú — ela disse enquanto afastava Miranda de seu par. Essa, tinha um sorriso largo e bochechas vermelhas. Estava linda.

Começou a tocar Legião Urbana e Miranda veio em minha direção, dando de ombros. A luz da fogueira se refletindo em seus olhos, deixando-os de cores diferentes. Seu rosto corado, o sorriso torto deixando suas bochechas salientes. Eu me sentia tensa com ela. Nervosa e esfuziante ao mesmo tempo.

Sua palma tocou a minha e eu senti aquela eletricidade me percorrer. Meu coração começou a bombear sangue mais rapidamente e senti meu corpo ficar estranho, como se estivesse em suspenso. Minhas mãos ficaram suadas e pegajosas. Olhei para Miranda. Toquei sua cintura enquanto ela colocava sua mão em meu ombro. Me perguntei se ela sentia essa eletricidade também percorrendo seu corpo, se seu coração acelerava tanto quanto o meu. Se o suor frio em minhas mãos era apenas eu.

Dançamos devagar. Meus pés se arrastando sem ritmo na areia. Miranda tentava me guiar e eu seguia seu comando silencioso, lendo a sua linguagem corporal. Estava olhando seus pés e tentando acompanhar seus passos quando senti os olhos dela sobre mim. Levantei o olhar e a fitei de volta. Miranda abriu a boca para falar e eu aguardei, ansiosa, mas ela simplesmente a fechou. Eu fiquei na expectativa, esperando que ela tomasse coragem para dizer seja lá o que queria dizer, mas ela não disse.

Medrosa.

Em um dado momento me dei conta de que eu e ela nos colamos, o hálito quente dela fazendo cócegas em meu ouvido, eu podia sentir seu peito se inflar a cada respiração, a coxas roçando uma na outra. Meu corpo ficou mais rígido do que antes, empertigado, tenso.

A música acabou, mas eu nem havia percebido. Miranda parou de dançar, sem me soltar. E eu senti aquela troca de energia pulsando entre a gente. O clima ficando quente. Acabei me esquecendo dos meus amigos, só me lembrei que eles estavam ali, talvez até nos observando, quando Cadú tocou meu ombro.

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