Beijo de despedida

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Eu me apoiei no encosto da cadeira e fitei Miranda observando o quarto, dando a volta ao redor de si mesma

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Eu me apoiei no encosto da cadeira e fitei Miranda observando o quarto, dando a volta ao redor de si mesma.

— Eu nunca saberia dizer como você é, apenas observando o seu quarto. 

Eu também olhei ao redor. As paredes brancas, o edredom lilás, uma maleta aberta com as câmeras à mostra em cima da cama box, o guarda-roupa quebrado atrás de mim e uma sapateira empilhada de sapatos sujos de lama.

— Poderia dizer que sou desorganizada — murmurei, olhando uma pilha de roupas usadas na cadeira. Mas ela apenas continuou seu monólogo:

— Não sei seu gosto musical ou se gosta de cachorros. Não sei se é fã de Harry Potter ou se toca guitarra de madrugada. Não sei se chora quando vê Marley e Eu ou se usa meias diferentes — discorreu, como se tentasse ver tudo através de meu olhar.

— Quem é você, Alexia? E o que está fazendo aqui, em minha cabeça? — Apontou um dedo para seu próprio rosto, se encaminhando na minha direção, segurou os meus braços acima dos cotovelos. — O que você está fazendo comigo? — Seus olhos cor de mel analisaram meu rosto e vi meu reflexo assustado neles. — Eu não deveria estar aqui. Aqui nessa cidade, nesse quarto... com você. Querendo beijar você! Eu já deveria ter ido embora. Aliás, nem deveria ter pisado o pé em Gabriel Alencar. — Ela me largou, baixando o olhar. Parecia confusa, preocupada. Colocou a mão na cabeça, bagunçando os cabelos, e o coque finalmente se soltou.

Eu a olhei, fascinada. Não pensei em nada e ao mesmo tempo pensei em tudo. Seus olhos cor de whisky me enfeitiçando, sua boca carnuda e levemente aberta me convidando. Meus ouvidos apenas captaram o som da respiração dela, meu coração batia intensamente em meu peito, minhas mãos tremeram, ansiosas. Eu coloquei minhas palmas em cada lateral do rosto de Miranda e ela baixou o olhar pro meu, lambeu o lábio inferior, o umedecendo e eu perdi a razão.

Não pensei, apenas agi. Inclinei o meu rosto e nem consegui fechar os olhos, captando quando Miranda fechou os seus, fazendo sombra nas bochechas rosadas. Eu gemi quando senti seus lábios molhados tocarem os meus. A boca macia se chocando contra a minha. Parecia que eu estava tendo um ataque do coração, ouvi meus batimentos cardíacos em meus ouvidos. E então baixei as pálpebras, sentindo seu cheiro me invadir, sua mão vir em minha nuca, me deixando arrepiada, meu corpo aéreo, formigando.

Miranda moveu os lábios contra os meus e eu devolvi o beijo, envolvida, já viciada em seu gosto. Infiltrei a minha língua em sua boca e ela chupou, com vontade. Senti meu corpo queimar, um turbilhão de sensações me invadindo. Desci minhas mãos de seu rosto, passando por seu pescoço delgado, puxando seus cabelo sentindo quão macios eles eram. Miranda me agarrou, apertando ainda mais o meu corpo contra o seu, sua respiração tão agitada quando a minha. Ela subiu sua coxa, rocando-a entre as minhas pernas e eu senti o tesão me engolfar. Gemi na boca dela. Miranda me empurrou contra a parede me apertando ainda mais, eu devolvi o beijo que se tornou faminto, rápido, excitado. Ela gemeu também enquanto segurava meu pescoço com uma mão e com a outra ela apertou a carne macia do meu quadril. Infiltrei os meus dedos por baixo de seu moletom branco, tocando a pele quente, delicada. Senti ela se arrepiar contra as pontas dos meus dedos. Ela girou a língua suave contra a minha, me beijando tão eufórica quando eu. Comecei a puxar seu moletom pela barra e ela me ajudou a tirá-lo, parando de me beijar e largando-o no chão. Suas bochechas estavam ainda mais rubras, os lábios inchados e vermelhos os olhos embaçados, excitados. Ela usava um sutiã branco de renda simples. Seus seios claros mostrando veias azuis. As sardas em seus ombros e os ossos da clavícula. Eu a encarei, bebendo tudo com o olhar, e ela me encarou de volta, respirando com dificuldade.

Eu não sei o que quebrou o clima. Se foi ela apenas vestida com a parte de cima de uma lingerie, se foi algo em minha expressão. Mas de repente Miranda pegou a peça que tinha largado no chão e não me olhou mais. Eu passei as mãos por meu corpo, tentando me ajeitar, respirando com dificuldade. Ela seguiu até a janela do quarto, olhando o horizonte que preparava outra chuva, vestindo-se.

Eu abri a boca para dizer alguma coisa, mas não saiu nada. Ela passou os dedos pelo cabelo e eu fiquei com medo que estivesse arrependida de ter me beijado.

— Isso não poderia ter acontecido, Alexia — sua voz retiniu pelo quarto, me deixando arrasada quando chegou a mim. — Eu não posso fazer isso com você e nem comigo. — Suspirou, segurando o rosto entre as mãos. Se virou para mim, e notei algumas lágrimas deixando os seus olhos brilhantes. Pensei em ir até ela, abraçá-la, mas tinha medo de me quebrar de novo quando a tocasse. Medo de não me controlar.

— Você vai embora?

— Sim — falou enquanto balançava a cabeça afirmativamente. — Não... não posso ficar — disse por fim. Eu não senti nada, nem conseguia entender o que ela dizia, era como se suas palavras nem fizessem efeito em minha mente.

— Certo.

Miranda pegou sua bolsa preta que estava esquecida no chão. Eu saí do caminho da porta. Ela parou, próxima a mim, me estendeu um papel branco, dobrado. Eu o peguei automaticamente, enfiando no meu bolso.

— Adeus — se despediu enquanto girava a maçaneta e saía porta à fora.

Eu não sei quanto tempo fiquei em pé no mesmo lugar que ela me deixara. Nem sei quando eu me deitei na cama e finalmente dormi. Eu nem conseguia pensar direito. Apenas sentia. Sentia meu coração quebrado no peito.

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