Tudo de novo

5.3K 445 94
                                    

Reparei nas botas de couro dela por baixo da porta

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Reparei nas botas de couro dela por baixo da porta. Ela ficou de frente pro boxe. Eu fechei os olhos, respirando fundo. Minhas mãos estavam úmidas e eu sentia minha boca seca. Olhei ao redor do pequeno cubículo e a vergonha se abateu sobre mim. Não acreditei que eu tinha corrido pro banheiro quando a vi.

— Você está sendo infantil, Alexia. — Sua voz atravessou o compensado. Eu lutei tanto para esquecer aquela maldita voz. — Vamos, sai daí. — Bateu na porta. Eu me encolhi no canto, esperando que ela fosse embora.

Meu Deus, era muito azar na minha vida. Bem quando eu estava seguindo em frente, conhecendo outras pessoas e recolocando os cacos do meu coração no lugar, ela aparecia.

Vi suas botas se afastarem, caminhando para a esquerda, em direção à saída. Exalei o ar que eu nem percebi estar prendendo. Passei a mão na testa, subindo em direção ao cabelo.

— Dá pra sair daí? — Pulei de susto e olhei para uma cabeça que estava acima da parede do box. Ela ergueu uma sobrancelha negra. — Vamos, Alexia. Prometo que não vou te morder. — Sorriu maliciosamente.

Senti uma saudade tremenda quando olhei seu rosto. A pele clara e macia, o queixo que se aprofundava e deixava o lábio inferior empinado, como se fizesse beicinho. As bochechas estavam rosadas, como sempre. Os olhos estavam ainda mais chamativos, magnéticos, delineados por um lápis negro.

— Alexia... — chamou, impaciente.

Eu parei de olhá-la e fui abrir o pequeno ferrolho da porta , saindo. Ouvi o pulo dela no outro boxe e a encontrei quando saí do pequeno cubículo.

A calça preta era rasgada no joelho, revelando a pele branca.

— Como você está? — perguntou-me enquanto encostava-se na pia, segurando as bordas. Eu não encontrei minha voz. Apenas podia sentir o meu coração batendo como louco no peito, abafando os sons ao redor. Ela me encarou, os olhos parecendo tristes, uma ruga entre as sobrancelhas. — A ruiva é sua namorada? — Apontou o queixo em direção à saída.

— Não te interessa. — Encontrei a minha voz, sentindo a raiva sair envenenada através dela.

— Me desculpe, eu sei que não tenho o direito. — Balançou a cabeça. — Tá morando aqui também?

— Sim — respondi em um fio de voz. — Com a Lua, apontei para a saída. — Eu queria magoá-la, caso ela sentisse algo por mim. Mas ela apenas enrugou a testa e assentiu.

— Podemos conversar um pouco? — pediu, passando a mão no cabelo acinzentado.

— Estou ocupada. — Cruzei os braços no peito.

— Alexia, deixa de ser assim. Podemos apenas conversar por um minuto?

— Okay. — Estiquei o pulso, olhando o relógio. — 59 segundos...

MirandaOnde histórias criam vida. Descubra agora