Isso não é errado

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Eu estava fumando escondida no banheiro de novo

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Eu estava fumando escondida no banheiro de novo. Uma xícara de café na pia. Meus dedos estavam tremendo. Eu estava me sentindo mal na minha própria pele. Uma coceira que eu precisava coçar. Joguei a guimba na privada e lavei minhas mãos e rosto para tirar o cheiro, bebi o resto do café e gargarejei antisséptico bucal depois.

Meu reflexo no espelho era de uma menina desorientada, perdida dentro de si. Os olhos opacos, sem luz. Como ninguém notava?

Ela fez o mesmo que a minha mãe. Egoístas que viviam olhando para o próprio umbigo. Apertei os olhos e cerrei os dentes até doerem. Os dedos apertando as bordas da pia, machucando. Eu estava começando a sentir de novo. Eu precisava anestesiar. Eu precisava apenas esquecer. Seria rápido. Depois eu poderia lidar com aquilo... Abri o armário que tinha embaixo da pia. Numa garrafa de produto de limpeza tinha vodca escondida. Lavei a xícara e coloquei uma quantidade necessária e suficiente para eu conseguir dormir, ficar um pouco dormente. Assustei-me com alguém batendo à porta e acabei derrubando a xícara na pia, quebrando a louça.

— Droga — guinchei, catando os cacos e jogando água para lavar a vodca. Usei um spray perfumado no banheiro para mascarar o cheiro de cigarro. Bateram de novo. Joguei os cacos quebrados na lixeira, saindo para o meu quarto.

— Sim — respondi enquanto me jogava na cama, achando que deveria ser meu pai me chamando para contar alguma novidade.

Posso entrar? Sentei-me, assustada, os olhos pulando das órbitas. — Seu pai me deixou subir, me disse que você tava aqui.

Meu coração estava acelerado. Eu estava sentada, rígida enquanto encarava a porta fixamente. Como naqueles filmes de terror que o monstro começa a girar furiosamente a maçaneta, o mocinho olha, estático e depois tenta se esconder. Senti vontade de me esconder debaixo das cobertas. Desaparecer. Seja lá o que ela queria falar comigo, eu não queria ouvir. Não queria vê-la. Ah, você quer sim, uma vozinha no fundo da minha mente sussurrou. Cocei o couro cabeludo, ficando de pé. Podia ver a sombra dela por baixo do batente, parecia inquieta.

Alexia? chamou, girando a maçaneta, tentando entrar. Respirei fundo, lutando para acalmar minha respiração, desacelerar as batidas furiosas em meu peito. Me encaminhei para a porta e toquei na chave, mas acabei soltando ela como se me queimasse. Então me encostei na porta, apertando os punhos com força, meu corpo retesado.

Preciso falar com você, Alexia. Me deixa entrar. — Sua voz atravessou a madeira. Toquei a porta com os meus dedos, enquanto escutava sua voz vibrar através do meu corpo. Minha respiração pesada. — Por favor, me deixe entrar! Pulei para trás quando seu soco me assustou. Olhei a maçaneta que mexia novamente, enquanto ela socava com força, parecendo descontrolada.

— Não posso te deixar fazer isso comigo de novo — murmurei, encarando a fechadura.

Preciso te ver, Alex. Abre para mim implorou.

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