Muitas coisas aconteceram desde que Dimitri apareceu em nossas vidas. Coisas que se você me falasse no inicio do ano que aconteceriam, eu iria rir muito da sua cara, de tão absurdas que elas pareceriam.
Primeiro, o próprio Dimitri Strauss. O meu personagem tão amado, a "menina" dos meus olhos, minha obra- prima agora estava bem ao meu lado, em carne e osso. Um homem de verdade e, como se não bastasse a estranheza agradável dos fatos, ainda fez questão de entrar para nossa universidade.
Segundo: Eu entrei em uma espécie de relacionamento com Kevin Pyro. Kevin, o cara que eu não queria ver pintado nem de ouro há dois meses. Eu não sei exatamente quando meus sentimentos por ele começaram a mudar. Acho que foi quando descobri que ele era escritor como eu e tinha um passado de bullying e exclusão. Kevin Pyro, o galinha, o ícone da popularidade universitária, o cara mais sexy que qualquer uma já viu era um nerd recluso. Acho que tenho um fraco por caras que têm histórias complexas.
E Terceiro: Kat namorando. E Kat namorando com Phellix Upplenight. Parecia uma boba vendo as mensagens dele e os dois tinham encontros todo o final de semana.
Depois da grande briga na casa dos Beta, eu precisava esquecer um pouco de Dimitri e Kevin, então fui para uma tarde de garotas com Kat. Estávamos na loja Nature me. A loja tinha uma fachada verde- clara e era toda em clima natural, com incensos e sinos. Me perguntava como aquelas roupas não pegavam fogo.
A dona da loja, uma mulher louca, de cabelos loiros- crespos e roupas coloridas como as de um hippie, guardava as diversas roupas que Kat já havia bagunçado. Ela estava no provador. E eu, sentada em um dos puffs verdes da loja, bem em frente.
"Em nosso primeiro encontro, ele me levou em um musical da Disney. Amiga você sabe como eu amo a Disney e meu sonho sempre foi ir pra lá. Mas só de ir naquele musical já foi mágico o suficiente..."
Ela saiu, com uma blusinha com estampas cruzadas de tons de bege e branco, uma mini- saia preta e rodada e chinelos.
"Isso é pra passar o natal no México com mamãe e papai...", ela adivinhou os meus pensamentos, apenas encarando meu olhar desdenhoso.
"Ui.... Você não me disse que ia ao México. Pensei que passaria na sua casa."
"Mudança de planos."
"Aliás, Kat... faz tempo que você não me conta sobre qualquer coisa. Nunca me falou nada sobre seu primeiro encontro com Phellix, nem dos demais. Parece que começou a namorar e me esqueceu."
Ela pegou um vestido amarelo da arara e entrou de novo no provador, falando:
"Não me julgue, Mitchoff. Você está bem ocupada com seus homens também."
Coloquei as mãos na cabeça e balancei, como se houvessem mil moscas dentro do meu cérebro. A confusão de sentimentos vinha me dando vertigem.
"Me ajuda, Kat! Não sei mais o que fazer com essas brigas do Dimitri e do Kevin."
Ela saiu, com uma velocidade inexplicável do provador, já com o vestido amarelo, e se sentou em um dos puffs, do meu lado.
"Amiga, você precisa se decidir sobre seus sentimentos. Vamos lá: o que você sente quando está com Kevin?"
"Bom... Ele me faz bem. Me faz rir, tem um jeito fofo e ele me surpreende a cada dia e olha que só estamos juntos há uma semana mas... Temos tanto em comum..."
"E com o Dimitri?"
"Com ele...", suspirei. "... Eu sinto fadinhas no... Ops... Borboletas no estômago. É assim que se fala né? Mas tá mais pra fadinhas mesmo, com suas asinhas leves como as de um beija-flor. Toda vez que eu vejo ele penso, como pode existir alguém tão... Meu coração bate rápido.", já não me dava conta das coisas que eu estava falando.
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Você Não Existe
FantasyO que você faria se algo que você inventou realmente existisse? Brenda Mitchoff, aluna de literatura em Vancouver, escreveu o seu primeiro livro: "Algumas Cartas", nos últimos anos da universidade. O livro teve toda a sua dedicação, já que ele seria...