"Tem certeza que é uma boa publicar Algumas Cartas agora?", Kat perguntava, enquanto esfumaçava o blush pêssego em minhas bochechas.
"E quando você acha que seria uma boa ocasião para isso, Kat? Se não for agora, não será nunca!"
"Então vai contar a verdade pra ele?", ela me petrificou com seu olhar condenador. Abaixei a cabeça, como uma criança que acabara de levar uma bronca. "Brendy, o Dimitri não é mais o mesmo vovô de alguns meses atrás. Ele descobriria sobre o livro em dois instantes."
"E se eu mudasse os nomes dos personagens?", perguntei insegura, mas já sabendo que aquilo não era uma boa ideia.
"Está mesmo cogitando essa hipótese?"
"Ok! Desisto.", disse, me levantando e encarando meu visual no espelho.
Saia preta, colada e de cintura alta que ia acima do meu umbigo, blusa branca - curta de uma forma que deixava uma parte superior da minha barriga exposta- e saltos pretos.
"Provocante demais para o meu gosto!", admiti, ainda mais naquele momento que eu estava tentando voltar a ser uma garota de igreja.
"Exatamente como você deve parecer agora. Uma veterana, segura de si... Comprometida! ", ela disse a última palavra cantarolando.
"Isso não faz o menor sentido.", bufei, passando a mão em meus cabelos, levemente enrolados por babyliss.
"Não faz mesmo. Mas você tá gostosa, garota. Não reclama."
Por algum motivo, eu não havia contado a Kat sobre a sensação estranha que senti no natal ao beijar Dimitri. O que foi estranho, porque eu contava tudo a ela. Algo dentro de mim trazia um sentimento de negação que relutava em acreditar que o que houve fora algo sério. Mas no fundo eu sabia que era algo mais do que sério.
"Mande mensagem para Dimitri e diga que estamos prontas!", Kat pediu.
"E o Phellix?", perguntei.
"Ele acha que é um pouco estranho um inspetor participar de festas universitárias.", Ela disse, retocando o batom vermelho e arrumando no corpo o vestido justo e rosa.
Há alguns meses, com certeza eu faria de tudo para escapar de qualquer festa dos betas. Mas naquele dia, em específico, eu estava animada. Não sei se tudo isso mudou porque conheci melhor Kevin e os meninos, mas a verdade é que eu estava feliz por ir naquela festa. E Dimitri também. Ele, quando foi convidado por Dexter, ficou entusiasmado de curtir a noite com seus antigos colegas de fraternidade, apesar de ter ficado pouquíssimos dias lá. Outra coisa que não mencionei sobre Strauss é que ele causa uma empatia espontânea nas pessoas. Ele sempre foi alguém muito fácil de se fazer amizade, até no exército. Mas havia exceções, como Kevin.
De qualquer forma, pelo fato dele ser o vice- presidente da Beta outra vez, com certeza sabia sobre o convite de Dexter. Uma náusea me pegou de surpresa quando tal pensamento passou em minha mente. Kevin via eu e Dimitri juntos pelos corredores do campus. Imagine um constrangimento elevado a centésima potência. Eu me sentia a garota mais imprestável do mundo. E mesmo com tudo isso, tomei a decisão de ir a bendita festa.
Eu e Kat ouvimos uma batida na porta.
"Sou eu, meninas!"
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Você Não Existe
FantasyO que você faria se algo que você inventou realmente existisse? Brenda Mitchoff, aluna de literatura em Vancouver, escreveu o seu primeiro livro: "Algumas Cartas", nos últimos anos da universidade. O livro teve toda a sua dedicação, já que ele seria...