Dimitri estava com uma farda de soldado. Não como aquelas que ele usava em combate, chamuscadas, rasgadas e sujas por seus ferimentos. Mas aquelas que ele usava após o combate, para demonstrar que ele era do exército inglês. De 1945. Ele não poderia sair de casa assim.
Kat pensou o mesmo, porque ela praticamente respondeu o meu pensamento.
"Como vamos fazer? Ele não pode sair daqui parecendo que é a atração principal da festa de fraternidade das meninas da Kappa..."
"Precisamos de roupas. Mas, onde vamos conseguir?", levantei, olhando ao redor.
"Compramos?", ela riu.
"Não Kat... Vamos comprar roupas com ele. Se ele quer criar a nova identidade dele, ele precisa escolher suas roupas. Ele tem de ser independente e não podemos deixa-lo sozinho para comprá-las.”
Teria sido bem mais simples se nós tivéssemos ido comprar mesmo uma roupa. Mas eu e Kat tínhamos o péssimo habito de sempre fazer as coisas do jeito mais difícil.
Dimitri saiu do silêncio, também levantando.
"Não! Vocês não podem gastar dinheiro comigo. Não seria justo.", ele corou.
Ele era a coisa mais fofa do mundo.
"Gato, relaxa. Temos umas reservas de dinheiro. E eu sou SUPER rica, então... você vai comprar roupas sim!"
Toda vez que Kat se gabava de sua situação econômica eu morria de rir. Ela poderia ser uma patricinha super nojenta com toda a sua grana. Ela era patricinha. Mas, nojenta jamais. Encarei o carpete rosa de Kat, novamente buscando ideias no fundo da mente. Pelo silencio dos outros dois, pelo visto também estavam pensando.
"Com o Kevin da Beta?", Kat disse após milhares de segundos com som ausente.
"Nem a pau, Kat. Quero passar longe dele e daqueles trogloditas!", vociferei.
"Mas não temos intimidade assim com nenhum outro garoto alto e com ‘brações’ como o Dimitri, e que possa emprestar as roupas... E, claro, que fique aqui por perto!"
De repente, brilhou uma ideia em minha mente fértil. O nosso obstáculo matutino de cada dia. A rocha. O vencedor do óscar de cara irritante do campus.
Sorri maliciosamente para Kat.
"Phellix..."
A expressão de Kat mudou na hora, de pensativa para furiosa. A garota ficou literalmente vermelha.
"Não, não, não e NÃO!", gritou no final. Dimitri olhava para nós, ainda catatônico. Deveria estar se perguntando como entrou nisso tudo.
"Por favor, Kat. Ele tem a mesma estatura do Dimitri. E você sabe que ele tem uma quedinha por você e vão ser só alguns minutos. Você distrai ele, Dimitri me levanta até a janela do quarto dele e eu pego uma muda de roupas."
"Do mesmo jeito que você não quer chegar perto dos garotos do Beta, eu não quero chegar perto do Phellix. Ele é um mala."
"Kat, você me deve uma!", sorri, estreitando os olhos de prazer por jogar aquilo em sua cara.
"Não devo, não...", ela cruzou os braços e deu de ombros.
"Deve sim! Lembra que você me implorou para ir na festa dos betas ontem à noite, com você?"
Ela me olhou com ceticismo, estreitando seus olhinhos verdes, borbulhando de raiva.
"Você só ficou meia hora. Brenda Regina Hills Mitchoff, você é uma bruxa, vigarista e terrível!"
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Você Não Existe
FantastikO que você faria se algo que você inventou realmente existisse? Brenda Mitchoff, aluna de literatura em Vancouver, escreveu o seu primeiro livro: "Algumas Cartas", nos últimos anos da universidade. O livro teve toda a sua dedicação, já que ele seria...