Depois de muitas e muitas fotos, eu deixei Dimitri e Kat em um spa moderno e relaxante, numa tentativa de distraí-los. Distraí-lo. Queria poder relaxar com algumas massagens também, mas eu deveria me encontrar com a Petunia em seu escritório às 17:00hs.
"Volto rápido, preciso resolver algumas coisas com esta minha amiga."
"Hum... Tem certeza de que não quer ficar aqui? Isso é tãooo bom!", Dimitri perguntou.
Ele e Kat estavam com as costas nuas, cheias de pedras porosas para massagem. Parecia mesmo muito bom, mas eu deveria resistir à tentação e ir atrás do bendito manuscrito.
"Tenho, mas aproveitem. À noite nos encontramos no calçadão."
Chamei um táxi e passei para o motorista o endereço. Depois de meia- hora de trajeto , cheguei ao escritório da tal mulher. E não era bem um "escritório". Era uma casinha. Uma casinha branca, com diversos sininhos decorativos e vasos na varanda. Apertei a campainha, imaginando se não errei o endereço.
"Pois não?", disse uma jovem voz no interfone. Achei engraçado ter um interfone em uma casa de apenas um andar. Talvez fosse uma tentativa de dar um ar de escritório ao local.
"Gostaria de falar com a Petunia Stiller. Marquei um horário com ela hoje."
"Ah, claro! Pode entrar."
Quando entrei na pequena recepção, percebi que a aparência interna era diferente da externa. Lembrava uma recepção de dentista, com cadeiras, revistas, TV ligada e uma jovem recepcionista. Mas ainda tinha a doçura de uma casinha, com vasinhos, quadros de ursinhos, flores cor de rosa estampadas na parede e um filtro de água decorado. Parecia o escritório da Barbie.
A recepcionista, uma mocinha de óculos e cabelos castanhos que me atendeu no interfone, me deu as boas- vindas.
"A senhorita Stiller irá te atender daqui a pouco. Ela está... Bem... Resolvendo algumas questões."
Escutei uma voz irritada gritando atrás da porta, no fim do corredor. Ela era aguda, estrondosa e floreada apesar da irritação. Uma das vozes mais insuportáveis que eu já ouvira em toda a minha vida. Sorri para a pequena secretária e coloquei meu fone de ouvido, enquanto aguardava a dona daquela voz irritante terminar sua discussão.
Eu estava completamente inerte em uma musica de K-pop, quando a secretaria me chamou, com um cutucão. Sim, eu nunca tinha escutado pop coreano, mas depois que eu fiz amizade com uma coreana doidinha no We chat, ela não parou de me mandar essas músicas, e eu confesso... A vontade de sair dançando em cima da mesinha de centro do escritório não era pouca.
"A senhorita Stiller te espera na sala. Fica no final do corredor."
Não sei porque, mas eu estava nervosa. Parecia que eu estava em algum tipo de entrevista, ou sei lá. Mas assim que eu entrei, dei de cara com uma figura divertida e bem infantil. A mulher usava uma blusa de cachorrinho, calças cor de rosa e saltos amarelos. Ela era uma loira de meia idade, bem alta e um pouco gordinha.
"Ahh, minha querida, estava te esperando!", ela dizia, com sua voz irritante, já me abraçando.
"Nossa, sério? Eu..."
"Eu tenho tantas perguntas e claro, muitas coisas para dizer. Novidades incríveis!"
"Bom. Estou curiosa! Pode dizer!", apesar de irritante, a mulher me tirava muitos sorrisos.
"Sente- se."
Ela me fez sentar em uma poltrona gigante de ursinho. Fiquei me perguntando de onde aquela mulher havia conseguido um gosto tão excêntrico.
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Você Não Existe
FantasiO que você faria se algo que você inventou realmente existisse? Brenda Mitchoff, aluna de literatura em Vancouver, escreveu o seu primeiro livro: "Algumas Cartas", nos últimos anos da universidade. O livro teve toda a sua dedicação, já que ele seria...