Sexta-feira, após voltarmos de nossas aulas, preparamos nossas malas e separamos os documentos separados nossa grande viagem.
Eu e Kat havíamos montado um cronograma durante a semana para o que faríamos na viagem e grande parte das coisas se resumiam a distrair Dimitri para que eu pudesse cumprir o real objetivo daquela viagem: encontrar o manuscrito.
"Passaportes e RGs?"
"Confere.", Dimitri respondeu.
"Passagens?"
"Confere."
"Roupas?"
"O suficiente."
"Pegou cuecas?"
"Ah... Peguei duas.", ele disse, dando uma modesta coçadinha na cabeça.
"Vá pegar mais."
"Tudo bem!", ele disse animado, mesmo levando bronca de mim.
Nesta semana de preparativos eu briguei muito com ele em relação a organização e roteiros. Também dei conselhos como não andar sozinho e não fazer perguntas do tipo "quem é Elsa?" para os desconhecidos e não falar na frente dos outros que o passeio está supimpa. Mas eu sabia o porquê de eu pegar tanto no pé dele, e me irritar com facilidade. Foi a conversa. A conversa que eu ouvi entre ele e a Kat, em que ele admitiu que tinha interesse em mim mas que jamais me amaria como amou a Sondra.
Eu sabia que estava sendo completamente idiota em odiar ele por isso, até porque quem criou o sentimento dele por Sondra fora eu mesma e que eu nem deveria olhar para ele com outros olhos, sendo que eu namorava Kevin. Mas eu não poderia negar que eu o amava. E eu sabia que o amava. Negar a mim mesma este fato era algo impossível, mas eu poderia ainda suprimir meus sentimentos para mantê-los ocultos de Dimitri e de quem quer que fosse.
Kevin nos buscou de carro. Ele nos levaria até o aeroporto e depois seguiria com sua rotina de estudos. Ele aceitou melhor a história da viagem, depois de uns dias. Disse que confiava em mim e que não sentiria ciúme algum, o que fez eu me sentir ainda pior.
"Credo pessoal, vocês vão passar dois dias ou dois anos em Orlando?", ele perguntou, brincando enquanto colocava as malas em seu carro.
Ele ainda não sabia que Dimitri estava morando conosco então dissemos que ele veio da pizzaria até a Universidade para nos ajudar. Pedimos a Dimitri para que confirmasse nossa história e apesar dele odiar mentiras e reclamar infinitas vezes, ele concordou, porque sabia que nós só pedimos isso para ajudar ele.
Ele desceu com mais uma mala.
"Essa é a ultima. Malas, confere."
"Kat?"
"Ah... Não confere. Ela disse que ia se despedir do Phellix."
"Droga, eu vou lá buscar a perua."
Voltei para o prédio deixando Dimitri e Kevin sozinhos. Kat estava com os braços em volta de seu namorado, rindo e calma, na frente do dormitório dele. Admito que ainda estranhava ver ela namorando o cara que, um dia, ela odiou tanto.
"Katrinne!", ela deu um sobressalto, se afastando de Phellix.
"Nossa. Que susto ein, Brendão."
"Bren... Ah esquece. Precisamos ir. Senão perderemos o voo."
"Ok, ok sua chata. Amor te amo, se não responder minhas mensagens eu corto sua garganta à noite.", ela deu um beijo nele e saiu correndo comigo.
"TAMBÉM TE AMO KIT- KAT", ele gritou em resposta.
Em menos de uma hora já estávamos no aeroporto e, como sempre, atrasados. Dimitri desceu do carro e pegou duas malas e Kat mais uma.
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Você Não Existe
FantasyO que você faria se algo que você inventou realmente existisse? Brenda Mitchoff, aluna de literatura em Vancouver, escreveu o seu primeiro livro: "Algumas Cartas", nos últimos anos da universidade. O livro teve toda a sua dedicação, já que ele seria...