Eu estava em uma situação difícil no final daquele domingo.
Depois de instigar as lembranças traumáticas de Dimitri acerca da guerra, para provar a Eun Hee a veracidade da minha história, Dimitri tinha praticamente sumido do mapa. Comecei a sentir enjoos fortes de ansiedade, com medo de que qualquer coisa possa ter acontecido com ele, então, tentei procurá-lo mais rápido, porém, com cuidado.
Passei novamente pelos parques aquáticos, depois perto das montanhas-russas, nos cinemas de realidade ampliada... Nada. Até que finalmente eu o encontrei, sentado em um banquinho, com a cabeça baixa. Suspirei, aliviada e fui até sua direção, me sentando ao seu lado. Observei que sua pele estava arrepiada, provavelmente porque já era quase noite e ele ainda estava apenas com o calção molhado do parque aquático.
"Dimit...", ele me interrompeu, levantando a mão.
"Não quero ouvir, Brenda. Sabe... Isso não foi legal."
Ficamos ali por um bom tempo, compartilhando o silêncio. Eu não tinha como justificar o que eu fiz, então só me bastava pedir perdão.
"Olha, foi só uma brincadeira. Eu sei que foi de muito mau gosto, mas lembra quando você ficou tirando um sarro das minhas fotos com a Brizza e o Brett?", argumentei, mesmo sabendo quão baixo era fazer isto.
"Não é a mesma coisa, Brenda!", ele disse, de forma rude e dura. "Você tocou na ferida que eu tento reprimir desde que eu vim parar aqui, na sua época."
"Eu não sabia disso. Sério! Eu... Sinto muito, Dimitri."
Ele se virou para mim e finalmente olhou em meus olhos. Os seus, tão próximos ao âmbar ou ao mel ainda em uma colmeia, me constrangiam com sua intensidade.
"Me perdoa, como eu te perdoei daquela vez. Eu... Prometo que não farei mais isso!", eu disse por fim.
Pelo menos uma vez eu fui sincera... Ou quase isso. Não mencionei que aquilo era mais que uma simples brincadeira, mas a parte de pedir perdão foi de coração. O medo dele não falar comigo, mesmo que por um tempo, foi tão intenso que foi quase como arrancar alguns órgãos do meu corpo.
Segurei suas mãos, enquanto ele me olhava de forma indecifrável.
"Tudo bem. Vamos esquecer isso..."
Sem poder me controlar, o abracei com toda força que eu poderia, sentindo meu rosto esquentar e meus olhos umedecerem.
"Obrigada!"
Ele tocou levemente minhas costas e depois correspondeu ao abraço.
"Eu que agradeço, Brotinho. Não sei o que faria sem você e... Ficar brigado com você de novo é algo que eu não suportaria!"
Senti tantas borboletas no estômago no momento, que quase me esqueci da minha decisão inicial de manter Dimitri longe de mim. Eu o queria por perto. Queria muito. Mas precisava manter as coisas simplórias com a amizade, como se ela fosse o muro que construí para me proteger do sofrimento. Do sofrimento de não ser correspondida. De Dimitri não me amar tanto quanto eu o amava. Parecia algo ridículo. Mas o que eu poderia fazer, se o amor, em si, era ridículo? Ou melhor... Ele é sempre ridículo.
"Bom... Agora vamos ao Hotel tomar banho, porque ainda temos a Casa Mal assombrada, as montanhas-russas e o Show de Fogos!"
Encontrei Kat e nós três fomos nos aprontar. Após tirar o cloro do corpo, vestimos roupas bem legais. Eu com uma regata florida e leve, jeans rasgadinhos e tênis, Kat com uma camiseta rosa e shorts e Dimitri com uma bermuda jeans e camiseta com uma estampa grafitada do Capitão Gancho. Dimitri nunca nas escolhas de camisetas. Uma hora depois, estávamos de volta ao parque.
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Você Não Existe
FantasyO que você faria se algo que você inventou realmente existisse? Brenda Mitchoff, aluna de literatura em Vancouver, escreveu o seu primeiro livro: "Algumas Cartas", nos últimos anos da universidade. O livro teve toda a sua dedicação, já que ele seria...