7 - PRONTERA (parte 1)

4.9K 547 241
                                    

Essa ideia de ser penetrado, aliás, vinha transitando pelos meus pensamentos com bastante frequência nos últimos dias, depois da experiência com Viriato no escritório. Tive a chance de comer o desconhecido na loja, mas não havia tido a de fazer o contrário ainda. Seria minha primeira vez... Não que eu esperasse que um príncipe encantado fosse fazer isso por mim em uma cama com pétalas de rosa e lençóis perolados, mas eu também não queria que fosse algo de todo sem significância ou com alguém que não tivesse o mínimo de cuidado. Não precisava ser especial nem inesquecível, bastava que fosse confortável e com um cara bacana, só.

Dormi uma madrugada inteira de sono tranquilo e reparador. Cheguei em casa tarde e me senti sozinho; minha mãe estava dormindo e a casa, completamente silenciosa. Tomei um banho e fui direto para a cama. Só me lembrei de procurar Léo no Facebook depois que me levantei, no dia seguinte—no mesmo dia, na verdade—, mais de onze da manhã, e fui para o computador. Léo Lopes, oito amigos em comum. Olhar a foto do perfil dele foi o bastante para me fazer sorrir. Enviei uma solicitação de amizade e, logo em seguida, procurei a conta dele no Instagram. Encontrei, mas as fotos eram bloqueadas e eu não tinha uma conta lá para poder enviar um pedido de follow. Eu não era muito amigo de fotos. Triste... Voltei às imagens do Facebook que estavam liberadas e ainda de novo me espantei com quão bonito ele era. Tinha uma beleza diferente, uma beleza astral; estava sempre tão bem humorado, feliz, acompanhado de pessoas sorridentes... Mas era modesto e discreto; não tinha fotos sem camisa (infelizmente, pensei) nem em baladas, esse tipo de coisa que as pessoas normais fazem e eu não. Se ele fosse tão a-normal quanto eu era, ou pelo menos um pouco tanto quanto eu, isso me deixaria ainda mais contente!

Durante minha investigação pelo perfil dele, ele aceitou meu convite de amizade e quase imediatamente me mandou uma mensagem privada.

Léo Lopes, 11:46: cara, tava pensando em vc agorinha!!

Mas que coisa mais boa de se ler logo pela manhã!

Léo Lopes, 11:46: tudo bem?

Eugênio Martins, 11:48: eu to bem, e vc? tava pensando o que?

Léo Lopes, 11:49: vc já jogou Ragnarok?

Eugênio Martins, 11:50: claro

Léo Lopes, 11:51: meu vc sabia que saiu atualização nova em 2011??

Eugênio Martins, 11:53: sério? não sabia

Léo Lopes, 11:54: sério! tava vendo aqui no site da level up, tem umas classes novas até

Léo Lopes, 11:54: vc não anima jogar?

Ragnarök era um jogo de RPG online que fez sucesso durante algum tempo, nos primeiros anos da década de 2000. Era um jogo muito bonitinho, com uma trilha sonora ótima, gráficos orientalizados e muito fofinhos, coloridos, com efeitos visuais e sonoros muito peculiares. Era um jogo que me lembrava meus tempos de Ensino Médio, meus quinze anos de idade, quando eu já estava nessa de ficar enfiado no quarto jogando jogos eletrônicos o dia todo... Eu era bom naquilo, me lembro bem.

Eugênio Martins, 11:56: mas vc tem o jogo aí? já começou a jogar?

Léo Lopes, 11:58: sim, to com o instalador aqui no notebook, baixei mais cedo

Eugênio Martins, 11:59: onde vc baixou?

Léo Lopes, 12:00: pelo site do server, ragnalunia

Léo Lopes, 12:00: é o primeiro link nos resultados do google

Procurei.

Eugênio Martins, 12:03: puts, 2 GB... que preguiça

Prazer e Remissão (romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora