5 - HORA EXTRA (parte 2)

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Uma das mãos saiu do meu pescoço. A outra subiu pelo meu rosto e parou na minha boca, onde Viriato colocou seu dedo indicador, primeiro contornando meus lábios, depois os invadindo, fazendo-me chupá-lo. O volume da calça de poliéster ficava cada vez mais inchado, e meu próprio pau já estava doendo dentro do jeans justo. Com dois tapinhas leves no meu rosto, ele saiu de cima de mim e começou a tirar o cinto, que caiu no chão deixando soar o ruído metálico da fivela, que me fez atinar de uma vez por todas para o que estava acontecendo. Viriato, meu chefe, estava parado à minha frente, abaixando as calças e eu estava prestes a... não sei exatamente o que. Acompanhei-o com o olhar sem dizer qualquer palavra. A calça deslizou até o meio das coxas e, com os dois polegares, ele abaixou a cueca de algodão para revelar seu pau duro bem diante dos meus olhos.

— Chupa, veadinho cretino, chupa essa pica, chupa!

Inclinando o quadril para frente, ele trouxe minha cabeça para si pela nuca e me fez abocanhar seu pau de uma só vez.

Meu coração pareceu entalar na garganta, tamanho era meu nível de adrenalina e ansiedade. Aquilo era a realização de um fetiche que eu jamais tivera, a materialização da cena mais absurda em que eu jamais pensara. Viriato! Não, eu não podia me deixar levar por esses devaneios naquela hora; eu não sabia do que ele era capaz afinal. Apenas fechei os olhos e me apoiei nas coxas dele, que se moviam rapidamente contra o meu rosto, penetrando minha boca com ferocidade, fazendo-me lacrimejar e engasgar. Minha tosse não o impediu de continuar se movendo contra o meu rosto, e eu mal conseguia distinguir as sensações naquele instante; nem as físicas nem as emocionais. Eu estava chupando o pau do meu chefe, o desgraçado do meu chefe, que eu tanto odiava. E o pior: estava gostando.

Nunca fui agredido na vida, em nenhum momento, em qualquer circunstância; mas aqueles dois tapas que Viriato me deu com toda a força foram a coisa mais excitante que já me acontecera. E eu jamais havia olhado para aquele homem detestável com segundas intenções—ele nem sequer me atraía! Eu nem o achava bonito! Tinha olhos muito bonitos, sim, e um corpo de homem que eram pontos positivos, mas só. Agora, porém, minha raiva e meu ódio haviam se transformado em uma espécie de desejo instantâneo, convulsivo, que eu tinha a chance imediata de saciar.

À meia luz do escritório, de olhos fechados, eu mal conseguia e tampouco queria enxergar muito. Meu rosto e meu nariz se chocavam contra o púbis dele e o que eu conseguia sentir mais fortemente era o cheiro característico que vinha dali; um cheiro inebriante de macho. Eu sentia os pentelhos, poucos mas altos, tocando meu nariz, meus lábios, e ouvia os gemidos altos e os sibilos que ele soltava por entre os dentes. O pau dele não era pequeno, mas era mais grosso do que grande; eu conseguia comportá-lo quase inteiro na boca. Tinha rugas e veias—consegui ver quando me afastei para masturbá-lo por alguns segundos enquanto recuperava meu fôlego. Era bem diferente do cara com quem transei na loja de departamentos, mas, ainda assim, era um pau—e não qualquer um!—e estava na minha boca. A textura era diferente, o sabor era indistinguível, e eu não tinha vontade de parar. A pele enrugada e escurecida deslizava livremente, às pressas, pela minha língua num entra-e-sai contínuo e agressivo, que me excitava e deixava fora do eixo minha coordenação visomotora.

— Era isso que você queria o tempo todo, não é? Meu caralho nessa boquinha safada? Hein? — ele perguntou, abaixando o rosto em minha direção, puxando a minha cabeça para trás pelos cabelos.

— Era!... — respondi irracionalmente.

Segurando-me pelo queixo, Viriato cuspiu com força em direção ao meu rosto, mirando na minha boca. Sua saliva quente atingiu minha língua como um tiro, e logo se misturou à minha própria quando voltei a chupar seu pau ensopado. Eu mal consegui sentir o sabor daquele líquido ralo e morno; e, por mais que aquilo tivesse parecido repulsivo na hora, outra fisgada dolorosa se fez sentir dentro das minhas calças, ainda afiveladas, quando ele o fez. Nenhuma peça de roupa minha foi tirada; eu ainda estava vestido da cabeça aos pés—mas não me importava. Submerso em um furor de tesão e prazer inexplicável, aquele pedaço de carne pulsante contra o qual minha boca investia ferozmente parecia ser a única fonte de satisfação de que eu precisava, e nela eu me esbaldei como se nunca mais fosse fazê-lo.

Prazer e Remissão (romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora