~Gabriel~
- Condenado - o juiz disse ao mesmo tempo em que bateu se martelo no suporte.
A partir de hoje, eu viveria em regime fechado por 6 anos. Seis anos da minha vida seriam perdidos atrás das grades. Seriam 10, mas Carlos conseguiu diminuir 4, alegando que eu estava bêbado, e que era adolescente. Claro que não nessas palavras, senão seria capaz do juiz aumentar a pena ao invés de diminuir.
Eu sairia da cadeia com quase 24 anos e teria que recomeçar minha vida quase do zero, terminar o segundo colegial e cursar o terceiro, para depois ir para a faculdade, coisa que eu pensei que faria ano que vem.
Por que eu fui tão estúpido?
Eu estava me acostumando ao fato de não ter Melissa comigo. Se acostumar não é o mesmo de se importar menos, nesse caso. A dor continua aqui, só estou aprendendo a conviver com ela.
Quem eu queria enganar? Eu sabia que seria condenado, do contrário não teria mandado Melissa ir embora. E ela realmente não merecia ficar vindo me visitar na cadeia.
Antes que o guarda pudesse me levar para a viatura, Carlos veio falar comigo.
- Foi o que pude fazer, cara. O que você fez não foi nem de perto certo. Nem sei como ele reduziu a pena.
- Tudo bem. Melhor 6 do que 10... - falei baixo.
Melhor nada do que 6.
- Vou te ver ainda esse mês. Quer que eu leve a...
- Não - o cortei - Não leve Melissa. Ela não precisa ficar me vendo preso. Algum dia ela vai ter que seguir a vida dela, e agra que a merda já tá feita, melhor ser agora do que depois. - falei.
Desde quando eu me recusaria a ver Melissa? Desde quando eu me importava mais com ela do que comigo?
Ah, é. Desde quando ela entrou na minha vida, havia esquecido esse detalhe.
- Até mais, Gabriel.
- Até mais.
Fui levado de volta para a delegacia.
Só seis anos. Só seis anos...
Um ano se passou, e meu pensamento mudou.
Só cinco anos. Já passou um, faltam apenas 5.
E assim até o abençoado dia em que eu finalmente coloquei meus pés para fora da cadeia. Eu havia passado seis anos lá dentro. Seis anos confinado, falando com minha mãe através de Carlos, mandando e recebendo notícias dela através dele. E quando eu saí, ela estava me esperando no carro, junto com minha tia, do lado de fora daquele inferno.
Ela saiu do carro e eu fui até ela. No momento em que a encontrei, a abracei e não consegui evitar as lágrimas que se formaram em meus olhos. O lenço que ela usava na cabeça hoje era uma mistura de laranja, roxo, amarelo e rosa. Era bem alegre, significava que ela estava feliz.
- Você está maior, Gabriel. Encorpou. - disse minha tia ao me abraçar.
- É... - olhei para baixo e tirei um pouco do cabelo dos olhos.
- Olha, venha morar conosco, filho - disse minha mãe - Você vai fazer 24 anos daqui a uns meses e fiquei anos sem te ver. Venha.
Pensei na possibilidade. E largar tudo o que tenho aqui?
Espera. Não tenho nada aqui.
Não mais. Sinto um aperto no peito quando me lembro de Melissa, mas à essa altura ela já deve ter feito faculdade e está trabalhando. Talvez até achou um cara legal e esteja namorando com ele.... filho da puta.
Gabriel chega. Ela não é mais nada sua desde o dia em que você a mandou embora, seu estúpido!, disse meu subconsciente.
E realmente, ele estava certo.
Então eu fui. Tranquei minha casa e fui embora. Os dois anos seguintes, usei para terminar o segundo e o terceiro colegial. Prestei o vestibular, entrei na faculdade de arquitetura e uso o tempo livre dedicado ao boxe. Em dois anos eu me formo, e poso para de estudar à noite.
Como o previsto, me formei. Evolui tanto nos desenhos, quanto na luta. Às vezes, me chamam para lutar no octógono da região. De 20 lutas, ganhei 13 por nocaute, 4 pelos juízes e 3 derrotas. Um número até bom para uma pessoa que faz isso como hobby.
Nesses anos, a doença da minha mãe piorou. Nenhum tratamento fez efeito, e um dia, quando eu estava voltando da faculdade à noite...
- Mãe? - chamei ao entrar em casa. Geralmente ela fica me esperando enquanto minha tia já está dormindo. - Mãe? - fechei a porta.
As luzes estavam apagadas. Acendi, e não queria ter visto o que vi.
Minha mãe estava sentada na poltrona da sala. Sua cabeça pendia para um lado, e se não fosse pelos olhos abertos e a xícara de café caída no chão, eu juraria que ela estava dormindo
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Genteeee comecei uma fanfic nova! Se puderem dae uma olhada eu agradeceriam mto!
Chama Under the Mistletoe e pela sinopse acho q vcs vão gostar
Cap 1 está postado
Até mais
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Os Opostos se Atraem? - Livro 2
Teen FictionDepois de conhecer Gabriel, a vida de Melissa mudou de um dia para o outro. Quase sete meses depois, ela nunca imaginaria que poderia perdê-lo de repente. Esse casal havia passado por coisas demais, coisas ruins demais, e não valia mais a pena conti...